Com aversão a ‘risco Lula’, Bolsa fecha em queda de 3,98%

Ex-presidente Lula durante ato no Recife Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Os sinais de colapso do sistema de saúde doméstico e a progressão dos yields americanos mantinham o Ibovespa na defensiva nesta brecha de semana, mas zero pior, aos olhos do mercado, do que a possibilidade de uma candidatura Lula em 2022, livre de empecilhos na Justiça. Assim, a anulação pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federalista (STF), das condenações do ex-presidente nos processos relacionados à Lava Jato no Paraná lançou o Ibovespa em lesma de mínimas nesta tarde, aquém dos 111 milénio pontos.

Ao término, mostrava queda de 3,98%, a 110.611,58 pontos, com mínima a 110.267,80 (-4,28%) e máxima a 115.202,23, da franqueza. Em porcentual, foi a maior queda desde os 4,87% do último dia 22, quando o índice reagia à mudança na Petrobras e, agora, mantém-se pouco supra do nível de fechamento de 1º de março (110.334,83 pontos). O giro foi de R$ 49,5 bilhões na sessão de hoje - no mês, o Ibovespa ainda sobe 0,52%, com perda de 7,06% no ano.

"Os DIs e o dólar explodiram com essa notícia, e a Bolsa veio aquém. Depois, recuperou um pouco, com a percepção de que a decisão é monocrática, cabendo recurso (da PGR, que informou que apresentará). Isso vai longe, mas soído e turbulência política nunca ajudam, ainda mais neste momento da pandemia. Falta de perspicuidade nas regras é um pouco que afasta o investidor estrangeiro, que tem outras alternativas entre os emergentes", observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

"A perspectiva de juros mais altos cá, e também nos EUA, com a pressão vista sobre os rendimentos dos Treasuries, e uma recuperação doméstica ainda atrasada pela pandemia afetam o gosto por ativos de risco, porquê as ações. Temos uma situação difícil no câmbio e na atividade econômica doméstica, mas alguns setores ainda conseguem se realçar: os correlacionados a exportações, à economia externa, porquê o de commodities. O momento é defensivo", diz Romero Oliveira, profissional em renda variável da Valor Investimentos.

Assim, em seguida ter aglomerado na semana passada recuperação de 4,70%, em seu melhor desempenho desde a primeira semana do ano, quando havia avançado 5,09%, o Ibovespa volta a ceder terreno, perdendo a carona da sessão positiva em Novidade York, onde o Dow Jones renovou máxima histórica intradia, apesar de alertas de que uma bolha de ativos estaria em formação diante de a complacência do Federalista Reserve, que tem repetido viés "dovish" para a política monetária dos EUA.

"A Bolsa já estava em queda diante do progressão do coronavírus, com recordes de mortes, lotação de leitos e medidas de isolamento social ao volta do País e, com a notícia da recuperação dos direitos políticos de Lula, bateu mínimas" ao longo da tarde, reforçando o "movimento de aversão a risco", aponta Paula Zogbi, perito da Rico Investimentos.

"Além da surpresa da decisão de Fachin, a possibilidade de Lula em 2022 tem tudo para deixar a eleição ainda mais polarizada, e a grande preocupação do mercado fica por conta do rumo da situação fiscal, vide que o governo pouco avançou com a tarifa até o momento. Essa preocupação se reflete em disparada dos juros futuros e possante inclinação da curva, assim porquê no câmbio, com o dólar voltando para a fita (próxima) de R$ 5,80", observa Rafael Ribeiro, comentador da Clear Corretora.

Assim, exclusivamente duas ações do Ibovespa conseguiram evadir do mal-estar para fechar o dia em terreno positivo: Marfrig (+4,41%) e Eletrobras ON (+0,19%). Na ponta do Ibovespa, Localiza cedeu 9,39%, avante de Locamerica (-9,23%) e de Eztec (-8,72%). Entre as blue chips, destaque para perdas supra de 4,5% em Petrobras (ON -4,81%, PN -5,76%) e de 4,58% para BB ON, liderando a queda entre os bancos no fechamento da sessão.