Violência urbana explode: guerra da Síria é cá

Com o novo recesso até agosto das excelências em Brasília, as atenções se voltam esta semana para a explosão da violência no Rio de Janeiro, em estado de pré-guerra social, os serviços públicos entrando em colapso.

Do primícias do ano até o último domingo, 393 baleados foram internados só no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um aumento de 60,8% em relação ao ano pretérito.

A região registrou, em 2017, o prolongamento de 30,6% no índice de mortes violentas em relação ao mesmo período de 2016, chegando a 1.058 nos primeiros cinco meses do ano.

Até o prelúdios de junho, 632 pessoas foram vítimas de balas perdidas no Estado do Rio.

Arrastões a toda hora, tiroteios entre policiais e traficantes, invasão de escolas, roubos e furtos à luz do dia em áreas nobres, grávidas baleadas, túneis e grandes avenidas interditados por bandidos, hospitais superlotados _ tudo isso já faz secção da trágica rotina de cariocas e fluminenses.

No domingo, os 400 leitos do Hospital da Posse estavam todos ocupados. A cada dia, chegam dois feridos a projéctil.

"Não tenho incerteza em declarar que cá é um hospital de guerra pelo quantitativo de feridos por tiros e pelo tipo de seriedade", disse o diretor do hospital, Joé Sestello, ao repórter Sérgio Rangel, da Folha.

S médico Gustavo Siciliano contou que já chegou a fazer sete cirurgias num plantão de 24 horas.

No término da tarde, uma troca de tiros entre traficantes da favela Nova Holanda e policiais militares fechou a Linha Vermelha, via expressa que liga o Rio à Baixada Fluminense.

Na fundura do Complexo da Maré, de 50 motoristas procuraram abrigo dentro do 22º Batalhão da Polícia Militar e lá ficaram até tarde da noite.

Enquanto o mundo se comove com o sofrimento das crianças em meio aos conflitos diários da guerra na Síria, onde já morreram 320 milénio pessoas nos últimos seis anos, parece que os brasileiros ainda não se deram conta da seriedade da crescente violência urbana, com 60 milénio assassinatos por ano _ em sua maioria, as vítimas são jovens, pobres e negros.

Mata-se no Brasil do que na Síria.

"Todos os atentados terroristas do mundo nos primeiros meses de 2017 não superam o número de homicídios registrados no Brasil em três semanas de 2015", informa o Atlas da Violência 2017 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no prelúdios de junho.

Segundo levantamento da Esri Story Maps e da PeaceTech Lab, 3.314 pessoas morreram em 498 ataques terroristas em todo o mundo nos primeiros cinco meses deste ano.

Estudo do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde registra que 3,4 milénio pessoas foram assassinadas no Brasil a cada três semanas, em 2015.

Quem sabe, durante as suas férias, nossas distintas autoridades encontrem tempo para ver o que está acontecendo na vida real fora dos plenários, palácios e tribunais, e descubram que temos uma guerra da Síria cá mesmo.

Vida _ e morte _ que segue.

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Fonte: Ricardo Kotscho