quando a representatividade vem servida à mesa
Houve tempo em que a relação amorosa entre duas pessoas do mesmo sexo era considerada delito em alguns lugares do mundo. Na Novidade Iorque dos anos 1960 era assim, e a comunidade LGBT da estação era fortemente reprimida pelas forças policiais. O movimento de reação dessas pessoas, iniciado em 28 junho de 1969, ficou marcado na história porquê a Revolta de Stonewall e consagrou o sexto mês do ano porquê o Mês da Variação, sendo aquela data eternizada porquê o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.
Passadas pouco mais de seis décadas desde a Revolta de Stonewall, algumas coisas mudaram para a população LGBT ao volta do planeta. Porém não muitas. No Brasil, por exemplo, já são aprovadas medidas porquê o reconhecimento da união homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federalista (2011); o recta de transexuais e transgêneros mudarem seus nomes de registro social sem premência de cirurgia (2018); e o enquadramento da homofobia e transfobia na lei de crimes de racismo (2019), entre outros.
No entanto, nesse mesmo país, 237 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) foram vítimas de mortes violentas, só no ano de 2020, segundo o Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil. Os números alarmantes colocam a pátria brasileira no topo do ranking de países que mais violentam e matam essa população, sobretudo travestis e mulheres transexuais.
Sendo assim, resistência tem sido termo e atitude mais do que presentes e necessárias para aqueles que assumem alguma dessas sete letras em suas vivências. E para resistir e subsistir com a maior plenitude provável, são usadas as mais diversas ferramentas, porquê a arte e até a gastronomia. É o caso da chef pernambucana Marília Azevedo, que hasteou a bandeira ‘do vale’ em seu negócio e bancou a desculpa, desde o nome do restaurante - Quintal das Rachas - até o cardápio.
Representatividade no prato
O envolvimento de Marília com a cozinha vem desde a puerícia, quando ela acompanhava o pai à beirada do fogão empoleirada em seus braços: “Ele era gordo, me apoiava na bojo dele e já me ensinava”, conta a chef em entrevista ao LeiaJá. Além do pai, a avó também foi a outra responsável por iniciar a logo moçoila no mundo da culinária.
“O Quintal é minha maior realização profissional até agora”, garante a Chef Marílai Azevedo. Foto: Reprodução/Instagram
Já adulta, a chef passou pelos mais diversos ofícios até assumir a cozinha porquê profissão. Ela foi promotora de vendas, estudante de biologia e vendedora ambulante no Carnaval de Olinda, sempre intercalando uma função e outra com trabalhos na dimensão da gastronomia. Até que em meados dos anos 2000, motivada pelos amigos que já conheciam o seu talento na cozinha, decidiu estudar e se profissionalizar, tendo se especializado na culinária regional.
Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, Marília se viu desempregada, assim porquê tantos outros brasileiros, e decidiu aventurar tudo. Da premência de se adequar aos novos tempos veio a coragem de montar o próprio negócio fazendo o que sempre gostou, comida nordestina. E essa veio acompanhada de um outro elemento: o empoderamento. Lésbica, casada e “mãe de pet”, a chef batizou o seu restaurante, lcoalizado no bairro do Bonsucesso, em Olinda, porquê Quintal das Rachas.
O nome causou um patente estranhamento a princípio, até mesmo entre os mais próximos, mas Marília estava firme na escolha. “Isso foi questionado no início, até pela minha mãe. Mas é o que eu sou, eu sou sapatão, eu sou lésbica e ponto, acabou aí. Não são duas rachas? Logo é pra levantar a bandeira, pras pessoas virem pra cá sabendo que vão encontrar duas sapatão, atendendo, casadas, felizes com seus pets e dando muito paixão a quem estiver disposto a receber esse paixão (sic)”, diz em referência à sua esposa Camila, que a ajuda a tocar o negócio aos finais de semana.
O Sarapatão é uma das especialidades de Marília. Foto: Reprodução/Instagram
O escora da companheira é alguma coisa que Marília celebra e aponta porquê um dos fatores de sucesso do Quintal. Ou por outra, os ensinamentos herdados do pai e da avó e a vontade de compartilhar guarida e afeto são as demais forças que movem a chef. “Eu sei da dificuldade da gente que é lésbica, ou gay, ou preto, ou de uma minoria ter um lugar que você consiga vir e se sentir na sua lar, à vontade. O objetivo do Quintal é esse. Eu abro a minha mansão, tem meus cachorros, fica todo mundo junto, é um lugar onde eu quero casar. Eu passo esse desvelo, esse paixão, esse carinho pra comida. O sigilo da chef é fazer com a maior dedicação porquê se eu estivesse fazendo pros meus pais, que adoram minha comida”.
Marília frisa, porém, que o seu restaurante não é individual para o público LGBTQIA+. O propósito do lugar é servir porquê ponto de reunião para aqueles que gostam da culinária regional, independente de qualquer outro atributo. “Tenho vários clientes que não são gays mas que vêm e acham tamanho, trazem os amigos, e a gente vive todo mundo em simetria. É um espaço para as pessoas virem, pra gente viver cada um com sua diferença e cada um respeitando o outro, porquê deveria ser o mundo”.
Sarapatão
No cardápio da chef Marília estão pratos porquê o Miúdo da Gatinha, o Arroz de Polvo e o Sarapatão, esse último uma das especialidades da mansão, segundo ela. O nome do prato, um típico sarapatel, também foi sugestão da esposa Camila, durante um jantar entre amigos, e pegou. Na receita, os ingredientes tradicionais que são usados em todo e qualquer prestes porquê esse. Os segredos, no entanto, vem de princípio. São o modo de trinchar os legumes, em pedaços muito pequenos, e de espessar o caldo do comida no liquidificador, tudo ensinado pela sua avó. “Dica de avó não tem erro”, brinca.
Confira a receita do Sarapatão.
Serviço
Por conta das restrições referentes à pandemia do novo coronavírus e de um projeto paralelo ao qual Marília Azevedo se dedicará no final deste primeiro semestre, o Quintal das Rachas passará muro de um mês sem atividades. Enquanto isso, a chef manterá postagens semanais na página do restaurante no Instagram, com dicas e receitas para o público. A teoria é reabrir a moradia, em seguida, repaginada, mas sem deixar de lado a pegada acolhedora e descontraída que já se tornaram marca registrada.
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