Lula no Itaquerão: entra em campo o Amigo da Odebrecht

Em 3 de setembro de 2011, três meses depois do início da construção do novo estádio do Corinthians, Lula estacionou o tribuna ambulante em Itaquera para uma discurseira ao lado de Andrés Sanchez, logo presidente do clube e hoje deputado federalista pelo PT paulista. S trecho em que celebra a parceria com a Odebrecht ajuda a entender por que, além dos mimos milionários ofertados pelos chefões da empresa, ganhou do departamento de propinas o codinome Amigo.

“Eu quero agradecer, sobretudo, ao doutor Emílio Odebrecht, presidente do juízo da Odebrecht…”, entra em campo o camelô de empreiteira aos 57 segundos do vídeo. (Também de microfone em punho, Andrés Sanchez se volta para um ponto fora do alcance da câmera e pede que o chefão venha para a frente do palco: “Doutor Emílio… doutor Emílio”, diz, reforçando o invitação com chamados gestuais. Safo, o possuidor do quantia continua longe da telinha).

Enquanto Sanchez tenta transformar a dupla em trinca, o comício segue seu curso: “… e o Marcelo, presidente do grupo Odebrecht, porque foram duas pessoas que começaram a edificar essa obra ainda sem um contrato assinado”, confessa Lula. “Eles já tão trabalhando há noventa dias e o contrato foi assinado hoje, numa mostra… numa mostra de que o Corinthians vai edificar um estádio”.

(E numa mostra de que os craques da tapeação se julgavam condenados à eterna impunidade, reafirma o desprezo por documentos indispensáveis. Mais que um exposição, aquilo é um aviso perturbador: há outro vale-tudo em gravidez. Os parteiros do Itaquerão sabiam desde sempre que obras sem contrato dão muito quantia “não-contabilizado”. Só cinco anos tarde saberiam que essas vigarices bilionárias também dão ergástulo).

S ex-presidente retoma o palratório fantasiado de espírito viva pura do país: “Nós temos que revistar, Andrés, o estádio… pedir pedestal da prelo pra que levante estádio seja construído da melhor maneira provável, da maneira honesta provável, pelo preço justo provável”, promete o intermediário de suspeitíssimos financiamentos do BNDES. “Porque nós precisamos provar que o Corinthians é um time de pobre, mas é um time de distinção”.

Ninguém precisava provar que são incontáveis os corintianos pobres e dignos. Faltava provar o que agora é evidente até para os bebês de pescoço: Lula não figura entre eles. A Fiel queria ver o time lucrar numa morada novidade. Lula queria lucrar a secção que lhe cabia naquele latifúndio. Ele nunca deu as caras no Itaquerão em dia de jogo. Nem todo criminoso volta ao lugar do transgressão VEJA.com