Sem UTI, equipes improvisam para manter pacientes vivos à espera de vagas em SP

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A maior dificuldade é mourejar com problemas renais associados aos quadros graves de coronavírus, além da lentidão de exames e falta de equipe

"É muito angustiante. A gente está sempre driblando a situação", diz a facilitar de enfermagem Solange Neves. "Às vezes, a gente luta, luta, luta e...", suspira, sem terminar o raciocínio.Solange trabalha em um hospital de campanha de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, onde oito pessoas com coronavírus já morreram esperando transferências para vagas de UTI.

Ali, os profissionais da saúde têm aprendido a improvisar para manter os pacientes vivos o maior tempo provável, à espera de uma vaga de terapia intensiva que às vezes não chega. A maior dificuldade é mourejar com problemas renais associados aos quadros graves de coronavírus, além da lentidão de exames e falta de equipe não especializada em terapia intensiva.

O estado tem um sistema de direcionamento de pacientes aos hospitais, a Cross (Mediano de Regulação de Ofertas de Serviço de Saúde). Em cidades onde as vagas de UTI já se esgotaram ou que não dispõem dessas vagas, profissionais enfrentam desde o início do mês a intensificação de mortos que aguardavam nesta fileira. ​

Em Ribeirão Pires, nove pacientes aguardavam transferência quando a reportagem esteve lá, nesta segunda-feira (15).
No término de semana, o prefeito da cidade, Clovis Volpi (PV), decretou estado de calamidade pública. "O nosso hospital de campanha está lotado. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA Santa Luzia) também está sobrecarregada com pacientes entubados, o que contraria os protocolos de saúde", disse, acrescentando que não sabe mais o que fazer para evitar as mortes. "A situação é alarmante."

A reportagem visitou o hospital de campanha para doentes de coronavírus na cidade. Na ocasião, presenciou o momento da morte de um paciente.

"Ele foi embora", uma funcionária comentou com outra, sobre o varão de 75 anos, paciente de tratamento de coronavírus, que havia feito de morrer. Rapidamente, ele foi enroupado e um biombo foi disposto ao volta dele.

Na situação ideal, pacientes mais graves deveriam ser transferidos para hospitais com mais recursos. Segundo a equipe da cidade, esse paciente específico ainda não estava na fileira de transferência para a UTI. No entanto, só no hospital de campanha quatro pessoas morreram neste mês nesta situação -outros três na UPA da cidade.

Vera Lucia do Promanação, 68, é uma das pacientes que poderia estar viva se houvesse estrutura disponível, segundo familiares.
Com pânico de pegar a doença, a idosa passou o Natal e o natalício longe dos familiares. Quando começou a sentir os sintomas, adiou a ida do hospital achando que era uma gripe generalidade. Aliás, temia se infectar ao procurar atendimento.
Quando finalmente foi internada, a situação se piorou rapidamente.

"No domingo, ela me falou: 'filha, eu estou sentindo que estou indo, estou muito fraca'. Na quarta-feira, falaram que ela precisava ser intubada, mas não tinha o aparelho", relata a filha dela, a doméstica Rosângela do Promanação, 49. "Porquê você vai lutar pela respiração sem o aparelho? Ela precisava ser intubada, precisava dessa ajuda e não teve. Porquê os outros que morreram."

O hospital de campanha de Ribeirão Pires conta com alguns leitos com respirador, em uma espaço de tratamento semi-intenso. No entanto, há uma série de limitações que obrigam os médicos a improvisar na tentativa de manter os pacientes vivos.

"Basicamente a gente tem que trabalhar muitas vezes com a improvisação. É uma improvisação técnica, não é zero que eu tiro da minha cabeça. Algumas vezes funciona, outras vezes nem tanto. O ideal seria que tivéssemos os recursos necessários, mas não ter os recursos não vai me fazer cruzar os braços e manifestar: já que não tem quesito de trabalhar, não tem o que fazer", relata o médico perito em atendimento de emergência, Antonio Carlos André de Castro.

A estrutura do hospital de campanha, porém, só consegue ajudar os pacientes até notório ponto. "A gente consegue estabilizar ele do ponto de vista da situação emergencial, mas depois os pormenores que vêm depois disso ele precisaria de uma terapia intensiva hospitalar", diz.

O principal gargalo é em relação a complicações renais, que exigem a realização de hemodiálise. "Existe o que a gente labareda de medidas clínicas. É aquilo que a gente usa do ponto de vista de medicação para tentar gerir o paciente e tentar retardar a premência dele, por exemplo, de uma hemodiálise. O paciente precisa fazer uma hemodiálise hoje, eu consigo com medidas clínicas retardar isso por dois, três dias no sumo. Mais do que isso eu já não consigo."

Outra cidade que tem pretérito por situação similar é Taboão da Serra, também na Grande São Paulo. Ali, 14 pessoas morreram enquanto aguardavam transferência, segundo dados da prefeitura.
Diretora clínica da UPA na cidade onde os pacientes de coronavírus têm sido atendidos, a médica Elisa Beirão cita, além das questões relacionadas à nefrologia, a morosidade nos resultados dos exames.

"Quanto mais grave o doente, a chance de ele ter alterações cuja resposta precisa ser muito rápida são maiores. Às vezes, um recurso simples porquê esse, um laboratório, pode terminar sendo um fator complicador muito sério", diz.

"Por exemplo, o paciente está com uma anemia. Duas horas o paciente com uma anemia muito séria, eu posso perder muito. A UPA não é feita para isso, a UPA normalmente você fica no sumo 24 horas com o paciente. E quanto mais tempo o paciente fica ali e quanto mais grave ele fica, eu precisaria de todas as respostas muito rápidas."

A médica cita ainda a diferença nas características da equipe de uma UTI, dissemelhante de unidade com generalistas porquê as UPAs.
Beirão também diz que sempre houve casos de morosidade para se conseguir as vagas, mas a atual situação é inédita até para pandemia. "De repente eu tive um paciente que demorou para transpor a vaga, sempre aconteceu. Mas para tantos pacientes e você chegar a ter óbito na unidade por desculpa dessa vaga isso sim é novidade", conclui.

Segundo levantamento do portal G1, ao menos 60 pessoas no estado morreram à espera de um leito.

Questionado sobre a situação dos leitos no estado, o governo João Doria (PSDB) afirmou que na região da Grande São Paulo os leitos para coronavírus registraram ocupação de 90,5% em UTI e 81,6% em enfermaria.

"A sobrecarga na rede de saúde já é uma veras em diversos locais e os serviços do SUS esforçam-se para prometer assistência adequada e oportuna a todos. Isso é feito para demandas não somente de Ribeirão Pires, mas de todas as 645 cidades do estado", afirma nota.

Segundo o governo, o Cross atua 24 horas por dia porquê mediador de serviços. "Seu papel não é fabricar leitos, mas facilitar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e capaz a cuidar do caso. Nenhuma negativa secção deste serviço, que é somente intermediário. Cada solicitação é avaliada por médicos reguladores, sendo crucial a atualização do quadro galeno, estabilização e deslocamento seguro do paciente", diz o expedido.
No domingo (14), segundo a nota, foram registrados mais de 1,4 milénio pedidos de transferência.

O governo afirmou que anunciou 1.118 novos leitos desde o início do mês. "Mais 21 hospitais de campanha serão implantados, somando-se a outros quatro já existentes. Com isso, o número de leitos de UTI saltará para mais de 9,2 milénio em abril na rede pública de saúde, 162% a mais que a disponibilidade pré-pandemia (3,5 milénio)."
Sobre o caso de Vera Lucia, o governo afirma que a idosa foi transferida pelo próprio município.

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