Prefeitura de BH convoca hotéis a receber população de favelas e nenhum adere

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Governo municipal abriu edital para rede hoteleira da cidade acoitar pessoas de aglomerados subnormais que tivessem sintomas de contaminação pelo coronavírus e estabelecimentos não manifestaram interesse

Na medida em que a pandemia de Covid-19 se alastrou por Belo Horizonte, bairros da periferia concentraram a incidência de casos graves na capital — em alguns deles, ela foi o duplo da média da cidade, mostrou levantamento de realizado em setembro. No final daquele mês, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) abriu um edital para hotéis receberem pessoas com sintomas leves de Covid-19 que vivem em aglomerados subnormais e que precisassem se isolar da família. Mesmo depois uma prorrogação que manteve o edital simples por um mês, o governo municipal afirma que nenhum hotel declarou interesse, o que, por ora, interrompeu o projeto. 

A iniciativa partiu do governo do Estado, que, em meados de agosto, anunciou o repasse de quase R$ 3 milhões para 17 municípios mineiros realizarem o empreendimento. Só Belo Horizonte receberia murado de R$ 954 milénio para implementar a medida. Agora, o governo municipal afirma que fará um estudo para entender por que não houve interesse do empresariado pela proposta. 

Para Pollyana de Sousa, diretora da regional mineira da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), houve pouca divulgação do edital. “Vários hotéis estavam fechados no momento do lançamento do edital. E acredito que muitos hotéis estavam com orientação de evitar receber hóspedes com suspeita de Covid-19 até para proteger a própria equipe, acho que por isso esse edital não foi muito para a frente”, completa. 

A Prefeitura de Montes Claros, no Setentrião de Minas, que receberia aproximadamente R$ 155,5 milénio do governo do Estado, também relata que nenhum hotel aderiu à iniciativa no município e nem enviou orçamentos, depois convocação. Já a gestão de Patos de Minas, no Cume Paranaíba, afirma que os quase R$ 58 milénio que seriam destinados a ela não cobririam os custos da operação e que, por isso, não aderiu ao projeto.

Uberaba, no Triângulo Mineiro, não aderiu ao programa porque, segundo a prefeitura, porque os números de contaminações na cidade não justificariam a medida. 

Ibirité, na região metropolitana de BH, não aderiu ao projeto “por não ter a estrutura necessária e não conseguir atender a todos os requisitos exigidos pelo programa”, segundo a prefeitura. Também na região metropolitana, a prefeitura de Santa Luzia afirma que não chegou a assinar o termo de adesão ao projeto e a de Betim declara não ter recebido a verba do governo estadual.

A gestão de Descrição também diz não ter recebido recursos e que depende dele para levar o projeto adiante, enquanto a de Ribeirão das Neves mantém o processo licitatório destapado. As demais prefeituras também foram procuradas pela reportagem, mas não deram retorno até o fechamento desta edição. 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) afirma que somente Belo Horizonte, Patos de Minas e Uberlândia não assinaram o termo de adesão ao projeto e que a verba só será liberada em seguida a assinatura. Ela ficará disponível até o final deste ano. 

Utilização de hotéis de BH para população vulnerável é demandada desde março

Meses antes do vértice dos casos de Covid-19 em BH, que ocorreu entre julho e agosto, um movimento pedia que a prefeitura direcionasse pessoas que vivem em locais de aglomeração para hotéis com quartos disponíveis. O projeto “Quartos da quarentena” surgiu em consonância com iniciativas em outras capitais brasileiras e disponibilizava um formulário para qualquer cidadão enviar um email diretamente ao gabinete do prefeito Alexandre Kalil (PSD). Até o fechamento desta edição, 2.210 pessoas haviam enviado a mensagem. 

“O projeto não foi para a frente porque não teve aderência (do poder público). Tentamos um contato com a prefeitura, mas não conseguimos, já que tudo estava caótico em abril e maio”, diz o vice-presidente da regional mineira do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG), Alexandre Alexandre Nagazawa, um dos participantes da iniciativa. 

Outra participante, a diretora de escola e líder comunitária do Aglomerado da Serra Floricena da Silva, conta que o encaminhamento dos moradores da região para hotéis fez falta nos últimos meses. “Tivemos casos de Covid-19 e mortes, porque cá não existem casas de par ou de uma pessoa, são casas para cinco, seis”. Ela destaca a dificuldade de moradores realizarem testes de Covid-19, já que não têm fácil entrada aos privados, o que poderia ocultar a real dimensão da pandemia no lugar.

Por término, o professor de arquitetura da Universidade Federalista de Minas Gerais (UFMG), Roberto Andrés, lembra que a prefeitura de BH encaminhou ao menos pessoas em situação de rua para espaços mais seguros na pandemia, mas que já não é hora de o movimento “Quartos da quarentena” ressurgir. O momento, ele diz, é de o próprio poder público martelar em alternativas para a população dos aglomerados. “Com um novo prolongamento da pandemia, já sabemos quem vai ser mais afetado”, conclui. 


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