Maior obreiro de cimento do mundo, Lafarge-Holcim pode deixar o Brasil
Embora não confirme, o grupo franco-suíço LafargeHolcim, maior obreiro de cimento do mundo, pode estar se preparando para deixar o Brasil.
O grupo anunciou o projecto de vendas de todos os seus ativos no país, inclusive fábricas localizadas em Barroso, Pedro Leopoldo e Montes Claros, em Minas Gerais.
A empresa emprega murado de 1.600 trabalhadores no país, sendo mais de 400 só em Minas Gerais.
“Acredito que transpor do Brasil esteja relacionado com a perspectiva macro, da dificuldade de operar no país, em que se tem pouco incentivo e as leis mudam a todo momento. De qualquer forma, é uma perda enorme”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe.
O expedido da saída da empresa vem escoltado de diversas multinacionais que têm deixado o país nos últimos meses.
Em janeiro, a Ford informou que encerraria sua produção no país, em seguida mais de centena anos de funcionamento e com a deposição de 5.000 pessoas.
Em março, foi a vez de a Sony fechar sua fábrica na Zona Franca de Manaus, depois 48 anos. A LG e Mercedes-Benz também anunciaram a saída do Brasil em meio à crise econômica.
Temor. Para o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Minas Gerais (Feticom-MG), Wilson Geraldo, apesar de não se ter informações sobre demissões, produção e prazo para que as transações sejam concluídas, a notícia é preocupante.
“A empresa tem acordos coletivos e salários muito bons. O nosso temor é que, com a venda, essa tradição seja interrompida, porque sempre há mudanças quando esses processos ocorrem, e muitas vezes há fechamento de fábricas”, afirma o também presidente do sindicato de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo Geraldo, a entidade já solicitou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) detalhes de porquê será conduzida a venda dos ativos. “A questão é que tudo está sendo determinado pela matriz na Suíça. É uma perda enorme para o país”, diz.
Procurada, a Prefeitura de Barroso, onde está uma das principais operações da multinacional no Estado, informou que não foi comunicada oficialmente sobre a provável saída da empresa do país e que, por isso, aguarda uma confirmação para se pronunciar.
A Associação Mercantil, Industrial, Agropecuária e de Serviços (Acib) da cidade também afirmou que vai esperar um enviado solene da empresa para comentar o caso.
Só em Barroso, a estimativa é que a empresa seja responsável pelo ocupação direto e indireto de mais de 400 pessoas.
Por meio de nota, a Escritório de Promoção de Investimento e Negócio Exterior de Minas Gerais, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, destacou que também não foi informada sobre a decisão da empresa de parar suas atividades no Estado.
A Lafarge-Holcim informou à reportagem que não iria comentar o tema.
Venda estaria relacionada a prejuízos
A saída da empresa do país pegou empresários de surpresa, porque as vendas de cimento no país tiveram incremento de 19% no primeiro trimestre deste ano.
Segundo o Sindicato Pátrio da Indústria do Cimento (SNIC), foram vendidas 15,3 milhões de toneladas no período, sendo 5,5 milhões somente em março.
Na confrontação entre março de 2021 e março de 2020 o prolongamento registrado foi de 34,6%.
Mas, para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, a provável venda de ativos da empresa no país pode estar ligada a prejuízos.
"É muito difícil uma indústria deliberar transpor, porque o investimento industrial é imobilizado, ninguém sai se não tiver um prejuízo razoável. Uma empresa que anuncia que quer vender (seus ativos) e transpor do país, ela quer liquidar, ela não está vendendo por oportunidade. É uma perda enorme”, pontuou.
Segundo uma nascente informou ao “Estadão”, a saída da Lafarge-Holcim do Brasil pode não ser fácil, porque o setor é muito concentrado, o que deve levar o Recomendação Administrativo de Resguardo Econômica (Cade) a barrar o negócio, caso seja fechado com alguma concorrente de grande porte.
Já empresas menores não teriam fôlego financeiro para a compra.
A venda das operações locais nos planos da Lafarge-Holcim vem ocorrendo de forma gradual desde 2015.
Na era, o grupo vendeu ativos avaliados em muro de US$ 350 milhões para o grupo irlandês CRH, o que diminuiu consideravelmente seu porte no Brasil.
À idade, o pacote de venda incluiu três fábricas de cimento (Matozinhos e Arcos Jazida, da Lafarge, e Cantagalo, da Holcim), duas estações de moedura (Arcos Cidade e Santa Luzia, da Lafarge) e uma indústria de mistura pronta de cimento (Pouso Jubiloso, da Holcim).
(Com agências)
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