Hong Kong: internautas limpam redes sociais

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DALE DE LA REY Policiais prendem manifestantes contrários à lei de segurança imposta pela China, em 1o de julho de 2020, em Hong Kong DALE DE LA REY

Desativar as contas, transmigrar para outras redes "seguras", ou limpar o histórico de navegação. A lei de segurança imposta por Pequim provocou uma vaga de pânico entre os internautas de Hong Kong, convencidos da preço vital de extinguir dos computadores os vestígios de seu compromisso pró-democracia.

Na tarde de terça-feira (30), o regime chinês impôs à ex-colônia britânica um texto polêmico que, segundo alguns países estrangeiros, viola o princípio "um país, dois sistemas", garantidor das liberdades de Hong Kong desconhecidas em outras regiões da China.

Até o último minuto, Pequim manteve em sigilo o teor dessa lei que procura suprimir a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras, e que é uma resposta ao movimento de protesto que surgiu há um ano, sem precedentes desde 1997.

Muitos juristas alertaram sobre a redação vaga de um texto que, à luz de qualquer tradução, leva à autocensura.

Pequim garante que as liberdades políticas de Hong Kong não estão ameaçadas. Muitos lembram, porém, que o Partido Comunista costumava usar essas leis para reprimir a dissidência na China.

- "Desvelo!" -

"Alterei o nome do meu perfil e adotei uma conta privada para que minha empresa não possa ver minhas publicações que poderiam ser consideradas antichinesas, ou uma violação da lei de segurança pátrio", diz leste funcionário de uma grande empresa, cuja diretoria é, segundo ele, "pró-Pequim".

Ele acrescenta, sob anonimato, que será "muito cordato" em suas próximas publicações, por pavor de que seus colegas, ou mesmo amigos, possam denunciá-lo.

Depois que a lei foi aprovada, muitas pessoas de Hong Kong anunciaram que estavam excluindo suas contas no Twitter, no Telegram, ou no Signal, enquanto outras compartilharam conselhos sobre as melhores maneiras de reduzir os rastros deixados na Internet.

"Para sua segurança, estamos excluindo todas as mensagens", anunciou o gestor de um grupo no Telegram, muito seguido pelos grupos pró-democracia.

"Por obséquio, tenham desvelo com o que dizem", orientaram os administradores desse grupo.

Um jurisconsulto simpatizante do movimento pró-democracia enviou uma mensagem para um jornalista da AFP, pedindo-lhe que apagasse completamente sua conversa no WhatsApp. Outros relataram que migraram para o Signal, uma rede social considerada mais segura.

Os críticos da novidade legislação denunciam, em pessoal, o traje de que a China terá jurisdição sobre alguns casos constitutivos de delito, minando a soberania judicial de Hong Kong, e que os policiais chineses poderão operar em Hong Kong, alguma coisa inédito até logo.

Outras preocupações incluem os poderes ampliados de vigilância concedidos à polícia, mormente na dimensão de escutas e aproximação a comunicações na Internet, sem supervisão judicial.

- "Questão de sobrevivência" -

Os provedores de redes virtuais privadas (VPN) constataram um aumento das vendas desde o pregão da lei.

Billie, assistente de 24 anos de um vereador, diz que começou a usar uma VPN em maio, quando a China anunciou seu projeto.

Livrou-se de alguns seguidores em suas contas nas redes sociais e apagou postagens "sensíveis", mesmo que, em tese, a novidade lei não seja retroativa.

"Sinto vergonha e me sinto desconfortável. Nunca quis fazer isso, mas me sinto obrigado. É uma questão de sobrevivência", diz ele à AFP, pedindo que sua identidade não seja revelada.

"Foi uma secção de mim que desapareceu", desabafa.

Essa limpeza não é exclusivamente virtual.

Vários restaurantes "pró-democracia" também decidiram tirar a colorida propaganda que decorava seus salões, sinais de pedestal à repudiação ao regime chinês.

Gordon Lam, um ativista pró-democracia, contou à AFP que pelo menos um restaurante lhe pediu conselhos depois uma visitante da polícia, que disse que os folhetos e cartazes nas paredes "poderiam estar violando a lei de segurança pátrio".

"Parece que o governo está usando essa lei para pressionar as empresas amarelas", comentou ele, referindo-se à cor atribuída ao movimento pró-democracia, em oposição ao azul, que designa empresas favoráveis ao poder.

As primeiras prisões sob a novidade lei ocorreram na quarta-feira (1o). Neste dia, milhares de pessoas protestaram contra a proibição de revelação pelo 23º natalício da reembolso deste território semiautônomo à China em 1997. A maioria foi detida por exibir bandeiras, ou folhetos, em prol da independência.


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