Aeroporto de Cabul: tropas americanas atiram para o sobranceiro e voos são cancelados

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Milhares de afegãos invadiram as pistas do aeroporto nesta segunda (16) com a esperança de embarcar em um avião que permita a fuga do novo regime Talibã

Tropas americanas atiraram para o cimo e os voos comerciais foram cancelados nesta segunda-feira (16) no aeroporto de Cabul, onde milhares de afegãos invadiram as pistas com a esperança de embarcar em um avião que permita a fuga do novo regime talibã.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram cenas de caos integral nas pistas, com civis lutando para subir nas passarelas ou escadas que levam aos aviões. Veja:

As pessoas tentam evadir desesperadamente do Afeganistão, onde os talibãs assumiram o poder no domingo. A maior secção da população teme que os insurgentes instaurem o mesmo regime fundamentalista de quando governaram o país entre 1996 e 2001.

Sob o olhar de centenas de pessoas, os que conseguiram subir ao topo das escadas, principalmente jovens, tentavam ajudar os outros a fazer o mesmo, e muitos deles agarraram-se com todas as forças às grades.

Famílias, com crianças assustadas, também tentavam fugir com seus pertences.

O tumulto atingiu tal nível que as tropas americanas, responsáveis pela segurança no aeroporto, atiraram para o cima para controlar a povaléu. Todos os voos comerciais foram cancelados.

"Tenho muito pânico. Atiraram para o tá", declarou à AFP uma testemunha, que não revelou seu nome, por temer que isto comprometa as possibilidades de deixar o país.

O Departamento de Estado afirmou que tropas americanas protegem o perímetro do aeroporto. Washington enviou  6.000 militares para retirar quase 30.000 funcionários americanos e afegãos que cooperaram com os Estados Unidos e que temem represálias dos talibãs.

A embaixada dos Estados Unidos em Cabul pediu no Twitter a seus cidadãos que ainda estão no país, assim porquê aos afegãos, que "não sigam para o aeroporto".

"Pânico" -
Porém, milhares de afegãos, que nunca trabalharam para os americanos e que não têm nenhuma possibilidade de obter um visto, correram em tamanho para o aeroporto.

Algumas horas antes, os talibãs pediram a seus combatentes que entraram em Cabul a manutenção da ordem. Em seguida, os insurgentes ocuparam o palácio presidencial, de onde o presidente Ashraf Ghani acabara de fugir para outro país.

"Temos susto de viver nesta cidade e tentamos fugir" afirmou à AFP no aeroporto Ahmad Sekib, de 25 anos, outra testemunha que usou nome falso.

"Eu li no Facebook que o Canadá aceita os demandantes de asilo do Afeganistão. Espero ser um deles. Porquê servi o tropa, perdi meu trabalho e é perigoso viver cá, porque os talibãs vão me perseguir, sem incerteza", explica.

A embaixada americana foi totalmente evacuada e os funcionários seguiram para o aeroporto. Mas os diplomatas permanecem à margem dos civis afegãos que tentam deixar o país por seus próprios meios.

Outros vídeos publicados durante a noite nas redes sociais mostram pessoas lutando para entrar em um avião de fardo, já lotado.

- Disciplina -
O restante da capital estavam em relativa calma nesta segunda-feira. Talibãs armados patrulhavam as ruas e instalavam postos de controle.

O mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador dos talibãs, pediu a seus homens que se comportem de forma disciplinada.

"Agora é o momento de determinar e provar que podemos servir ao nosso país e prometer a segurança e muito-estar", afirmou em um vídeo.

As cenas de caos no aeroporto provocam uma recordação dolorosa para os Estados Unidos, a da queda de Saigon no Vietnã em 1975.

Mas a conferência foi descartada pelo secretário de Estado, Antony Blinken, que declarou ao meio CNN: "Isto não é Saigon"


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