Para salvar Aécio, Senado vai desafiar Supremo dividido
A decisão ficou para a próxima semana, mas pelo caminhar da carruagem já está tomada: para salvar o procuração de Aécio Neves (PSDB-MG), a maioria do Senado vai desafiar o Supremo Tribunal Federal que o puniu com a suspensão do procuração e recolhimento domiciliar noturno.
Os senadores, porquê sabemos, não costumam trabalhar às quintas-feiras e muito menos tomar decisões importantes. Até estranhei que havia 41 em plenário quando a sessão foi ensejo às 11h30, uma hora depois da hora marcada.
Como eles também não trabalham às sextas e segundas-feiras, novidade sessão para repor o procuração a Aécio só deve intercorrer na terça.
Até lá, eles esperam que o próprio STF ligeiro o processo para ser julgado pelo plenário, que está dividido sobre a decisão da Primeira Turma.
Em torno de Aécio uniram-se não só os aliados PMDB e PSDB, mas também o Palácio do Planalto, o ministro Gilmar Mendes, porquê era de se esperar, e até o PT.
G só fazer as contas para entender esta união suprapartidária: dos 81 senadores, pelo menos 44 de todos os principais partidos respondem a interrogatório ou ação penal no próprio STF (31 deles investigados na Lava Jato), segundo levantamento do Congresso em Foco.
"Eu posso ser o Aécio de amanhã", devem pensar os senadores ameaçados num envolvente em que todos só pensam em salvar a própria pele, mesmo que isso possa produzir um novo confronto entre poderes.
Basta que 41 votem para rejeitar a decisão do Supremo sobre o senador mineiro, presidente retirado do PSDB.
Mas, depois de ratificar o requerimento de urgência, diante do insignificante quorum na hora da votação, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, também ele investigado, achou melhor atender ao pedido das lideranças e não fixar uma data.
Quem tinha pressa para votar logo era o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), branco de 17 investigações, que chegou a fazer um apelo para que seus colegas viessem ao plenário votar. "Não podemos perder um minuto na resguardo da Constituição".
S senador Ivo Cassol (PP-RO), já condenad0 a quatro anos de prisão, continua lépido e fagueiro frequentando o plenário graças aos chamados "recursos protelatórios" sem término.
Aécio Neves está empatado com Romero Jucá (PMDB-RR), com nove inquéritos no STF, investigado por depravação, obstrução de Justiça e lavagem de quantia.
Se depender de seus colegas, pode ter o mesmo direcção de Ivo Cassol: a impunidade.
E vamos que vamos.
Vida que segue.
Fonte: Ricardo Kotscho