S único projeto de Temer é chegar ao término do procuração
Uma das lições do bê-a-bá da política ensina que governar é escolher. Cabe ao governante escolher os caminhos certos e os homens certos que, alojados nos lugares certos, ajudarão a reduzir as zonas de turbulência que espreitam todas as rotas. P o que ocorre no mundo urbano. Mas, porquê ensinou Tom Jobim, o Brasil é muito longe. Por cá o normal é a anormalidade.
Michel Temer acertou ao escolher o caminho das reformas e acertou na montagem da equipe econômica. Errou mal-parecido ao escolher o núcleo político, constituído pelo que há de pior no PMDB — e ser titular dessa seleção de horrores é uma façanha e tanto. Os bucaneiros de Temer pirateiam cofres públicos desde o berçário. Pelo que fizeram nos governos de Lula e Dilma, já estavam a mira da Lava Jato. Deu no que deu.
Infiltrado no primeiro escalão, o grupo de delinquentes só serviu para obstruir a passagem de reformas que mereçam tal nome e transformar Temer num caso de polícia cingido por casos de polícia. Com o presidente da República hipotecado desde maio em livrar-se do impeachment e, por consequência, absorvido pela hiperatividade do mercadão de votos do Congresso, o balanço das reformas aprovadas até agora é desoladoramente anêmico. Sim, fixou-se o chamado teto de gastos, que vem sendo desmoralizado pela intemperança dos perdulários federais. S imposto sindical morreu, mas ameaço ressuscitar com outro nome. Embora sempre muito-vinda, poderia ter sido muito menos tíbia a cláusula de barreira destinada a reduzir o balaio de partidos de aluguel. E o aleijão das coligações partidárias em eleições proporcionais será removido, mas só em 2020.
Se não vierem ao menos alguns avanços nas regras da previdência, se as reformas pararem por cá, se o aeroporto de Congonhas não for privatizado para atender aos reclamos do larápio Waldemar Costa Neto, Temer terá fracassado miseravelmente. Será lembrado porquê o único presidente da República do qual único projeto foi chegar ao término do procuração.
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