O PA São Benedito pede Socorro: Sem estrutura Unidade enfrenta dificuldades para atender a população
Com uma média de 700 atendimentos dia contra 176 do PA sede, a unidade do São benedito enfrenta não só o descaso da direção de saúde, mas o fardo de ser a principal unidade da cidade.
Reportagem Mauricio Garcia
Acompanhei a rotina dos pacientes da unidade durante toda a segunda-feira no período que abrange das 9:00 às 21:00. Foram doze horas de uma rotina bastante desgastante onde pudemos constatar a total falta de estrutura da unidade em atender os pacientes.
Estrutura
A Recepção do PA São benedito conta com apenas 30 cadeiras e uma divisória que nem os funcionários da unidade entendem porque está lá. Do outro lado há um posto da Guarda Municipal que não faz sentido algum estar lá. Segundo a direção da unidade há um esforço para manter a unidade limpa e algumas paredes estão sendo pintadas "setor por setor, estamos procedendo com a pintura das paredes das unidades e o chão está sendo limpo com muito mais frequência" garante Rodrigo, diretor da unidade desde janeiro deste ano.
Apesar do recente surto de dengue (pacientes precisam se hidratar), a unidade não conta com bebedouros nos corredores principais e na portaria (está estragado). Segundo a direção da unidade o problema poderia ser resolvido se houvesse uma resposta mais efetiva junto a secretaria de saúde "já fizemos o pedido há algum tempo, estamos aguardando a resposta". Além de bebedouros alguns banheiros não contam com papel higiênico ou papel para limpeza das mãos.
Na Recepção do P.A ainda não foi providenciada a troca dos Vidros quebrados das portas da unidade, muito menos das janelas internas.
Faltam profissionais
Segundo fontes ligadas à saúde na Cidade, faltam profissionais qualificados nas unidades de Saúde de Santa Luzia. No PA São benedito esta deficiência é bastante grande levando em conta o volume de atendimentos dia. Segundo a direção da Unidade houve dias que faltaram pediatras "Ficamos um sábado sem o pediatra e a situação ficou caótica, faltam profissionais interessados em vir trabalhar na cidade".
"Profissionais não querem trabalhar em Santa Luzia"
De acordo com um Médico que trabalhou em santa luzia na última gestão, a recusa dos profissionais em vir trabalhar na cidade é devido a permanência da secretária de Saúde Dra Katia Rejane no comando do setor de saúde. "Nem que me paguem 100 mil reais volto com esta gerente no comando. Esta Mulher não sabe trabalhar, não conhece a realidade das unidades e é extremamente egocêntrica. Enquanto ela estiver na Secretaria acredito que vocês terão muita dificuldade em contratar profissionais"
Além de Médicos faltam enfermeiros nos principais pronto-atendimentos da cidade. Segundo um destes profissionais o salário não é pago desde Janeiro e as condições de trabalho não ajudam. "Está difícil trabalhar pois precisamos trazer medicamentos e instrumentos de trabalho de casa, o que onera ainda mais nosso já escasso pagamento. Estamos tentando trabalhar, mas sem o auxílio do setor de Saúde fica difícil" completa.
Segundo a direção do PA São benedito faltam Médicos, Enfermeiros e auxiliares de enfermagem, além de medicamentos e instrumentos. "Os pedidos foram feitos junto a secretaria, estamos aguardando retorno".
Exames São feitos Manualmente
Outro grande problema enfrentado pelos profissionais do PA São benedito é a dificuldade da prefeitura em Informatizar o sistema da unidade. "As fichas ainda são feitas manualmente o que atrasa muito o atendimento dos pacientes. Flagramos o Arquivo "Morto" onde deveriam estar os históricos de atendimentos de pacientes completamente jogado as "traças" em uma sala improvisada no fundo da unidade. No "Arquivo" haviam centenas de caixas com milhares de fichas de pacientes espalhado por enormes pilhas ou mesmo jogados e espalhados pelo chão de uma sala escura e bastante empoeirada. Segundo funcionários da Unidade é quase impossível fazer a consulta manual de uma ficha no local "Se precisarmos fazer uma consulta pode-se levar horas procurando uma ficha".
Dentro dos Consultórios médicos ainda se viram com xerox de prontuários e receitas e como não há uma local adequado para o arquivamento deste material, fichas se amontoam nas mesas destes profissionais.
Irregularidades
Flagramos médicos atendendo consultas dentro da Sala de urgência, onde pacientes recebem atenção da equipe de enfermagem e deveriam ficar isolados do contato externo.
O Laboratório que presta serviço ao PA São Benedito, "Labclin" chegou a demorar mais de 6 horas para entregar exames a pacientes, o que fez com que pessoas passassem mais de 10 horas esperando por um resultado. De acordo com um dos profissionais só pela manhã haviam realizado mais de 200 exames de sangue. "A demanda aumentou muito e não estamos dando conta de atender todos os pedidos. Para piorar uma funcionária passou mal e não veio trabalhar, foram mais de 200 exames de sangue só pela manhã e estou sozinha desde então" completa uma das auxiliares que atendia pacientes por volta das 14 horas desta segunda-feira.
Segundo a Direção do PA o atraso na entrega dos exames, prejudica todo o processo "Se o exame demora o médico não consegue dar o retorno ao paciente em tempo hábil para agilizar o atendimento".
Segundo pacientes a estrutura doada para o laboratório é ínfima e insuficiente para permitir uma ampliação. "O espaço é pequeno, apertado e os profissionais tem dificuldade em agilizar o atendimento. Deveriam conseguir um espaço maior, dai sim cobrar agilidade!".
Epidemia na Capital
Dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (20), apontam que o número de casos de dengue cresceu 71,5%, em uma semana. De 2.457, as confirmações da doença saltaram para 4.215 entre os dias 13 e 20 de março. Destes casos, apenas um é de dengue hemorrágica. Segundo especialistas, a situação configura epidemia da doença na capital mineira.
Em relação ao fim do mês de fevereiro, os números chamam ainda mais atenção. Em menos de um mês – entre 27 de fevereiro e 20 de março –, foram confirmados 3.050 casos de dengue na capital, o que representa um crescimento de mais de 260% em relação ao dado de 27 de fevereiro, que era 1.165 casos.
Na última quarta-feira (13), o balanço divulgado pela secretaria já apontava crescimento de 33% dos casos em uma semana. No dia 6 de março, 1.631 pessoas haviam sido infectadas, e sete dias depois, mais 826 haviam contraído a doença na capital.
A Região Norte, onde houve a confirmação de 785 casos, é a área com maior incidência da doença. Na sequência, estão as regiões Nordeste, com 728 casos, e Pampulha, com 581.


