No vazio, Gilmar assume o lugar da oposição perdida

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Gilmar Mendes conseguiu. No vazio deixado pela oposição solene, perdida do que nunca, o ministro do STF indicado por FHC assumiu o papel de principal contendor do governo petista, que já foi do todo poderoso Eduardo Cunha, presidente da Câmara, antes deste ser denunciado por depravação pela Operação Lava Jato.

Os dois costumam atuar em sintonia, porquê no caso do financiamento privado de campanhas eleitorais, mas agora o magistrado assumiu o protagonismo e nem disfarça seu objetivo: anular o resultado das eleições presidenciais do ano pretérito.

Na tarde desta terça-feira, na mesma hora em que lideres do PSDB e do DEM cancelavam, "por falta de base lícito", a reunião marcada com juristas para discutir um provável pedido de impeachment da presidente, Gilmar conseguia o pedestal da maioria no plenário do Tribunal Superior Eleitoral para reabrir as investigações destinadas a cassar a placa Dilma Rousseff-Michel Temer, o que permitiria a convocação de novas eleições, porquê quer Aécio Neves.

Enquanto o Tribunal de Contas da União não julga as contas do governo federalista de 2014, outro front da oposição contra o governo, que poderia servir de base para o pedido de impeachment na Câmara, os tucanos chegaram à desfecho que não dependem só dos fatores políticos e jurídicos para embasar o pedido, mas matemáticos. Nas contas do próprio Aécio Neves, a oposição conta hoje com somente 200 dos 342 votos necessários para atingir seu objetivo e, por isso, desistiu de liderar o movimento.

No TSE, as contas da placa vitoriosa já tinham sido aprovadas por unanimidade, em dezembro do ano pretérito, mas o PSDB entrou com recurso, agora legalizado, que serviu de base para a manobra de Gilmar Mendes. Inconformados até hoje com a rota de outubro, os tucanos já haviam pedido a recontagem dos votos e, depois, entraram com quatro ações no tribunal, denunciando afronta do poder econômico e o uso de recursos do petrolão para financiar a campanha da reeleição.

Antes da reunião do TSE, incansável na sua cruzada contra o PT, que já chamou de "sindicato de ladrões", Gilmar Mendes já havia pedido ao Ministério Público de São Paulo para furar novidade investigação sobre uma microempresa, que recebeu 29 transferências da campanha petista, e não teria comprovado a prestação dos serviços. S novo interrogatório foi fundamentado num relatório guiado ao TSE pela Fazenda Estadual de São Paulo. A empresa teria sido criada exclusivamente dois meses antes da campanha e não foi localizada no endereço indicado no registro.

No momento em que o palco principal da crise se desloca do parlamento para os tribunais, num ponto todos parecem estar de contrato: estamos vivendo o término do ciclo político iniciado com a Nova República, porquê já escrevi cá mesmo no dia 15 de março.

Só o que ninguém sabe é o que virá depois o esgotamento deste moribundo sistema político-partidário do presidencialismo de coalização. Os dois partidos que dominaram nascente processo nas últimas duas décadas, o PT e o PSDB, estão cada vez rachados e enfraquecidos e, do que nunca, dependem do PMDB para formar maiorias. E o PMDB de Temer, Cunha e Renan ninguém sabe expor para onde vai. P neste cenário nebuloso que cresce a figura de Gilmar Mendes, único que sabe aonde quer chegar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Ricardo Kotscho