Marcos Troyjo: Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização

Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização. S Brasil procura mudar o seu padrão de prolongamento com menor obediência no consumo interno e maior ênfase em investimentos. A China está crescendo menos, mas talvez melhor. Tem se reorientado para a produção de bens de maior valor associado, incentivos ao mercado interno e portanto menor obediência nas exportações.

A julgar pelas taxas de prolongamento de Brasil e China, podemos manifestar que a renda per capita desses países deve ser a mesma em 2020. A China tem adotado desde 1978 um padrão de industrialização voltado a exportações. S Brasil tem praticado diferentes variantes da estratégia de substituição de importações.

Os chineses buscaram acordos comerciais (inicialmente na forma de tratamento de sua economia porquê “país favorecida”. Implementaram desde os anos 80 PPPs (parcerias público-privadas) voltadas à infraestrutura para o negócio exterior e administraram para plebeu o câmbio e a remuneração dos fatores (o valor pago pela mão de obra, por exemplo). Já o Brasil recorreu frequentemente ao protecionismo, ânimo ao mercado interno e incentivo em compras governamentais ao teor lugar.

S sucesso ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação diante de um verdadeiro “eclipse”da economia global. Como o cenário global mudou, esses dois países também têm de “reinventar” suas estratégias econômicas.

A China tem apressurado sua adaptação criativa e, mediante exuberantes superávits comerciais e sucessivos excedentes orientados estrategicamente à pesquisa, desenvolvimento e inovação, está aproximando-se do meio denso em tecnologias. Já lidera o mundo em vigor solar, por exemplo. Em 2020, chegará à marca de 2,5% de seu PIB voltados à inovação, superior portanto à media de 2,1% dos países da OCDE. S Brasil continua no patamar de exclusivamente 1% de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Já foi provável sentir isso nos últimos 15 anos. Este renovado sistema internacional em que há uma centralidade da China fez reemergir, para países porquê o Brasil, lógica semelhante ao padrão Norte-Sul das vantagens comparativas do século 19. A tonelada chinesa exportada ao Brasil vale US$ 3 milénio, enquanto a tonelada brasileira à China menos de US$ 170. Esta relação leva a uma sensação efêmera de potencial prosperidade, pois os benefícios do negócio em commodities não têm se traduzido em investimentos nas áreas de ponta deste cenário global de acirradas rivalidades tecnológicas.

Daí o Brasil ter grandes dificuldades em promover ganhos sustentados de renda ao longo do tempo, pois sua produtividade permanece muito baixa. De 1992 e 2007, período de “globalização profunda”, a Produtividade Total dos Fatores (PTF) no Brasil cresceu somente 11.3%. No mesmo período, a PTF cresceu a uma média anual de 4% na China. Estes parâmetros reforçam a noção de que os momentos de ressaltado prolongamento da economia brasileira associam-se (I) à vigorosa demanda global por commodities em que o Brasil apresenta vantagens comparativas ou (II) a períodos de proteção do mercado via substituição de importações, possante papel do Estado na elaboração da demanda e consumo interno voraz.

Pode-se perguntar, o Brasil ganha ou perde com a mudança do perfil da economia chinesa em direção a uma maior participação do mercado interno? Em universal a reconversão do padrão econômico chinês diminui as oportunidades relativas para o Brasil. Os grandes beneficiários da mudança são os países que podem atrair empresas que hoje produzem na China e cujas matrizes encontram-se descontentes com os custos de produção em subida naquele país, caso da mão-de-obra e do preço dos imóveis. São países porquê o México, que tem convenção de livre negócio com os Estados Unidos, e os do entorno geográfico chinês, porquê Tailândia, Indonésia e Vietnã.

Um dos impactantes fenômenos da economia global nos próximos dez anos será a transmigração de os de trabalho da China para outros países. Cerca de 10 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará cada vez de ser somente uma plataforma de produção de itens de ordinário valor associado e se concentrará em produtos que exigem conhecimento intenso. Mesmo quando, daqui a uma dezena de anos, a China tornar-se maior economia do mundo em termos de PIB nominal, ela ainda assim será uma economia comparativamente pobre, com renda per capita próxima a US$ 12 milénio por ano, semelhante à do Brasil contemporâneo.

Caso o Brasil não promova reformas estruturantes, sacrifícios em direção à competitividade e reforma de sua inserção global, essa “China 2.0″ vai imobilizar ainda o Brasil na chamada “Armadilha da Renda Média”. S Brasil continua muito custoso para concorrer com os pobres. E VEJA.com