EUA acusam autor de cartas de ameaçar Obama e autoridades com possível ricina

iG São Paulo

Preso na quarta, Paul Kevin Curtis pode ser condenado a 15 anos de prisão. FBI o prendeu ao rastrear pistas deixadas por ele nas correspondências e em sua página do Facebook

O Departamento de Justiça dos EUA informou nesta quinta-feira que Paul Kevin Curtis foi acusado de ameaçar o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros um dia após ter sido preso em sua casa em Corinth, Mississippi, pelo envio de cartas que testes preliminares indicaram conter o veneno letal ricina. Se condenado, o americano pode ser sentenciado a 15 anos.

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Curtis, 45 anos, acreditava ter descoberto uma conspiração para vender partes do corpo humano no mercado negro e alegou que "vários partidos dentro do governo" tentavam prejudicar sua reputação.

De acordo com uma declaração do FBI (polícia federal americana), Curtis enviou três cartas com a suposta substância tóxica para Obama, o senador republicano Roger Wicker, do Mississippi, e um juiz de seu Estado natal. As cartas diziam: "Ninguém quis me ouvir antes. Há ainda 'Partes Desaparecidas'. Talvez tenha sua atenção agora, mesmo que isso signifique que alguém deve morrer. Isso tem de parar. Ver um erro e não expô-lo é tornar-se um cúmplice silencioso de sua continuação. Sou KC e aprovo essa mensagem."

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Segundo a nota, Curtis havia enviado várias vezes antes cartas ao escritório de Wicker com a mensagem "esse é Kevin Curtis e aprovo essa mensagem". Em várias correspondências a Wicker e a outras autoridades, Curtis relatou que escrevia um livro sobre órgãos no mercado negro chamado "Partes Desaparecidas". Em sua conta no Facebook, ele usou linguagem similar às cartas, diz a nota do FBI.

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O documento indicou que Curtis desconfiava do governo há anos. Em 2007, sua ex-mulher relatou que seu marido era extremamente delirante, antigoverno e achava que era espionado por aviões não tripulados.

O caso das cartas aconteceu em meio ao choque do país com o ataque à Maratona de Boston, que deixou três mortos e quase 180 feridos na segunda. Os investigadores descartam relação entre os dois incidentes.

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A ricina é uma substância altamente tóxica derivada da mamona. Pouco menos de 500 microgramas - quantidade com o tamanho da cabeça de um prego - pode matar um adulto. Não há nenhum teste específico pela exposição e nenhum antídoto para uma eventual contaminação.

O veneno pode ser produzido de forma fácil e barata, e autoridades em vários países investigaram vínculos entre suspeitos de extremismo e a ricina. De acordo com especialistas, a substância é mais efetiva em indivíduos do que uma arma de destruição em massa.

A ricina foi usada no assassinato do dissidente búlgaro Georgi Markov, em 1978. O autor, que havia desertado do regime comunista do país nove anos antes, foi contaminado pela ponta de um guarda-chuva enquanto esperava por um ônibus em Londres e morreu quatro dias depois da exposição à substância.

*Com AP

Fonte: Notícias do Último Segundo: o que acontece no Brasil e no Mundo