Em resguardo da internet e da democracia

Caros amigos do Balaio,
faz tempo que não temos uma conversa, digamos pessoal, sobre os rumos do nosso blog, que completa sete anos em setembro.
Neste trabalho quotidiano de comentar o que está acontecendo no nosso país e no mundo, tanto eu porquê vocês já passamos por diferentes fases, vivemos muitos altos e baixos, aos trancos, barrancos e solavancos. De vez em quando, é bom dar uma freada de método no burrico para alinhavar as melancias.
Aproveito leste domingo cinzento de inverno em São Paulo, no dia indiferente do ano, para fazer um breve balanço, não só do que vejo por cá, mas também em outros sítios da internet.
Estou cada vez assustado com o nível dos debates _ se é que se pode invocar de debates a troca feroz e insana de ofensas e acusações _ neste interminável Fla-Flu, que se acirrou durante a última campanha eleitoral e está chegando a níveis perigosos de intolerância e radicalização.
De tão repetitiva, esta guerra nas redes sociais está se tornando, além de tudo, muito chata, jogando fora o grande instrumento de democratização de informações e opiniões proporcionado pela internet.
Por isso, tenho procurado variar os assuntos nas últimas semanas, saindo um pouco da marcha batida da crise rumo ao brejo, na esperança de acalmar os ânimos e refletir sobre outros fatos da vida real, fora do dia a dia da disputa política. A vida, enfim, não pode ser só isso.
Com tristeza, noto que quase ninguém quer saber de parar um pouco para pensar no que estamos fazendo com nosso país. Estamos todos virando um grupo de donos da verdade, que não admitem nem ouvir o que os outros pensam?
Pouco importa o que escrevo cá _ e tenho a sensação de que muitos só leem o título _, pois cada um se sente no recta de usar a nossa democrática espaço de comentários para tratar do que muito entende na resguardo das suas verdades absolutas.
Depois de tanto tempo de convívio, muitos ainda não se deram conta de que leste não é um blog político talhado a jogar gasolina na fogueira ou a tentar extinguir incêndios. Este é um blog jornalístico, que procura tratar de fatos relevantes ou não, discutir ideias e rumos. Não quero convencer nem transmudar ninguém a zero.
Nunca fui servo da audiência nem escrevo para aprazer leitores, muito menos a recrutar seguidores, mas me dedico com afinco a ser honesto com eles, a procurar as versões próximas da veras factual para que cada um possa formar sua própria opinião. E quando erro, porquê aconteceu recentemente na questão do aumento dos servidores do Judiciário, vocês são testemunhas disso, procuro me emendar com a maior brevidade provável.
A vida inteira fui supra de tudo somente um repórter e assim pretendo terminar minha curso. Confesso que às vezes me dá um perceptível desânimo ao constatar que vou ficando cada vez só nesta minha profissão de fé no ofício de jornalista, sem adjetivos, que antes de tudo deve servir ao público.
Tanto nas velhas porquê nas novas mídias prolifera cada vez o exposição panfletário, à direita e à esquerda, sem compromisso com a sociedade para quem trabalhamos, que tem o sagrado recta de ser muito informada, com liberdade de frase para todos e respeitando os princípios democráticos. Neste cenário sombrio, que já margem o fascismo, todos correm o risco de perder totalmente o que lhes resta de credibilidade. Cada vez gente não acredita no que lê.
Pois é exatamente isto que estamos colocando em risco ao misturar no mesmo balaio jornalismo e propaganda, interesses comerciais e políticos, de indivíduos ou de empresas. Lamento ter que deletar cada vez comentários preconceituosos, ofensivos e grosseiros, mas nem penso em fechar a dimensão de comentários, porquê muitos dos meus colegas blogueiros já fizeram, por não suportarem levante envolvente contaminado que faz mal à espírito e ao estômago.
Afinal, a interação entre autores e receptores de informações, numa permanente troca de experiências de vida e diferentes visões do mundo, é a grande conquista desta verdadeira revolução promovida pelas redes sociais nas comunicações humanas.
Em resguardo da internet e da democracia, precisamos ser cuidadosos com o que escrevemos para preservar levante maravilhoso espaço de liberdades públicas duramente conquistado. Aqui ninguém vai lucrar no grito. Comentários muito humorados serão sempre muito vindos, mas obséquio não confundir com deboches e brincadeiras cretinas. Não estamos interessados em saber o que um pensa do outro. Para mim, são todos iguais, não importam suas posições políticas.
Sem reverência à opinião alheia, perdemos todos, perde o país.
Vida que segue.
E vamos que vamos.
Fonte: Ricardo Kotscho
