Por que e porquê o ser humano perdeu o rabo na evolução? – 18/10/2021

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A rabo tem uma função no mundo originário - mas, por alguma razão, o ascendente dos humanos perdeu a sua há 25 milhões de anos.

Nos peixes, elas ajudam na propulsão dentro d'chuva. Nos pássaros, ajudam na realização do voo. Nos mamíferos, colaboram para o estabilidade dos animais.

Pode ser também uma arma de resguardo, porquê no caso dos escorpiões. Ou usado porquê um sinal de aviso, porquê fazem as serpentes do tipo cascavel.

Nos primatas, a rabo adapta-se a uma variedade de ambientes. Os macacos-uivadores, nativos das Américas do Sul e Medial, por exemplo, têm uma rabo larga e preênsil (adaptada a prender e segurar coisas) que os ajuda a alcançar galhos ou vitualhas quando estão sobre as árvores.

Mas os hominídeos, a família de primatas que inclui os seres humanos e os grandes símios, porquê orangotangos, chimpanzés e gorilas, não têm caudas.

Por que e porquê ocorreu o desaparecimento das caudas na evolução dos hominídeos são perguntas que têm intrigado cientistas há décadas.

A resposta parece estar em uma mutação genética recém-invenção que afetou de alguma maneira os genes que davam forma à rabo dos hominídeos, uns 25 milhões de anos detrás.

Humanos e macacos têm ancestrais comuns - Getty Images - Getty Images

Humanos e macacos têm ancestrais comuns

Imagem: Getty Images

A mutação sobreviveu ao longo do tempo e foi passando de geração para geração, mudando a locomoção dos hominídeos, o que pode estar relacionado ao indumentária de que nós humanos caminhamos sobre duas pernas.

"Tudo isso parece estar relacionado e ocorreu em torno do mesmo período evolutivo. Mas não sabíamos zero da genética que atua nesse processo de desenvolvimento e, logicamente, na evolução", acrescenta Xia.

"Porquê se pode imaginar, esse é um dos pontos evolutivos cruciais, o que nos faz humanos." E, para comprová-lo, Xia aplicou a mesma mutação em camundongos.

O que se observou foi que os camundongos desenvolveram formas diferentes de caudas. Alguns tinham caudas mais curtas, enquanto em outros não cresceu rabo alguma.

O esfinge humano

Charles Darwin já havia dito isso. O Homo sapiens (a espécie humana atual) tinha parentesco com os macacos com rabo.

O naturalista britânico publicou A Origem do Varão em 1871, obra em que explicava que sua teoria da evolução era completamente aplicável à espécie humana.

Foi uma grande revelação para a estação. Enfim, os humanos sempre estabelecemos uma intervalo entre a sociedade moderna e o mundo bicho: vivemos em casas, nossa pele é dissemelhante, e fazemos uso do nosso cérebro para resolver dilemas complexos.

Darwin já havia balançado as estruturas da ciência da era com a publicação de A Origem das Espécies, em 1859. Sua explicação sobre a origem do ser humano foi revolucionária, já que até logo a maioria dos cientistas ocidentais compartilhava a teoria de que Deus havia concebido todas as criaturas do planeta.

Entretanto, nós humanos compartilhamos mais de 98% de nosso DNA com os chimpanzés, com quem temos ancestrais em generalidade.

Os primeiros hominídeos, surgidos há 20 milhões de anos, já não tinham caudas. Logo, se a rabo está relacionada à evolução de símios e humanos e influenciou na locomoção e na forma de andejar, cabe a pergunta: o que ocorreu primeiro, o desaparecimento da rabo ou a locomoção sobre duas pernas?

"É porquê a pergunta do ovo e a penosa", afirma Xia. "E, porquê pode imaginar, não é uma pergunta fácil de responder."

A resposta curta é de que é virtualmente impossível saber com exatidão os acontecimentos iniciais que fizeram com que nossos avós ficassem de pé, sobre duas patas, e saber se isso estava relacionado com o trajo de que não tinham rabo.

Ou, ao contrário, se não temos rabo porque ficamos de pé, e com isso é mais fácil para nós manter o estabilidade sobre nossas pernas - e, por isso, não precisamos mais de rabo.

"Precisaríamos de uma máquina do tempo para saber tudo isso. Poderíamos retornar no tempo e observar os acontecimentos iniciais. Mas, porquê não a temos, eu poderia expor que não sabemos, e isso seria o término da discussão. Logo alguém poderia perguntar por que estamos falando disso tudo."

"A verdadeira resposta é que esses dois processos sempre são discutidos conjuntamente ou interferem um no outro."

Ou seja, não podemos falar da evolução humana sem fazer referência à rabo ou à locomoção bípede (sobre duas pernas), independentemente do que veio (ou aconteceu) primeiro.

A resposta está na genética

Xia mergulhou no tema da rabo nos seres humanos desde que machucou o cóccix - osso da secção subalterno da pilar - numa viagem de coche, dois anos detrás.

O cóccix, do latim coccyx, é a última peça da nossa poste vertebral, formado por quatro vértebras fundidas, e representa o vestígio do que foi uma rabo milhões de anos detrás.

Em imagens de embriões humanos, é provável ver uma rabo, que é absorvida pelo embrião em seguida algumas semanas para dar forma à pilar vertebral.

Esse cóccix, que serve de suporte para os glúteos, está localizado no mesmo ponto onde outros animais possuem suas caudas.

"Nós levantamos todos esses temas porque a ciência nos interessa e buscamos respostas nela. E em ciência temos conseguido, nos últimos centena anos, grandes avanços em genética", diz Itai Yanai, pesquisador e diretor do Instituto de Medicina Computacional da Universidade de Novidade York.

"Realmente é preciso saber muitos conceitos sobre desenvolvimento, sobre emendas alternativas, genômica comparada. E Bo demonstrou que, se você entende esses conceitos, pode mirar o genoma, dar-lhe sentido e ver o que existe nele."

A mutação identificada por Xia consiste em 300 letras genéticas no meio de um gene divulgado porquê TBXT, uma seção do DNA que é praticamente igual em humanos e símios.

Para provar a relação entre essa mutação e a rabo, Xia manipulou geneticamente camundongos com a mesma mutação.

Eureca! Xia e seus colegas observaram que a rabo não crescia nos camundongos manipulados, porquê aconteceria normalmente com o bicho.

Essa invenção, porém, é somente a primeira de talvez muitas outras para que se possa entender o papel das mutações genéticas em nossos ancestrais. Os cientistas dizem que há mais de 30 genes envolvidos na formação da rabo em animais, e os pesquisadores de Novidade York estão falando de exclusivamente um deles.

Porquê disse Xia, todos nós humanos temos cóccix muito semelhantes entre si, mas no caso dos camundongos do experimento, as caudas tinham tamanhos diferentes ou estavam completamente ausentes.

Sua desenlace é que houve uma série de mutações, e não somente uma, que afetou diferentes genes nos hominídeos 25 milhões de anos detrás - e foi alterando nossa evolução.

"Essa pode ter sido uma mutação crucial, mas cremos que não tenha sido a única responsável", afirma.

Mutações que sobrevivem

Os cientistas sabem porquê o ancião do ser humano perdeu a rabo milhões de anos detrás, mas ainda não estão claras as verdadeiras razões pelas quais essa mutação sobreviveu por tanto tempo.

Para Xia e Yanai, essa é uma pergunta sem resposta, pelo menos por enquanto. "As mutações ocorrem todo", explica Yanai.

Algumas mutações podem ser positivas, outras negativas, dependendo do envolvente, porquê diz Xia.

Normalmente, se uma mutação é negativa, ela pode ser prejudicial para o hóspede, fazendo com que leste adoeça ou morra. Por isso, essa mutação não sobrevive ao longo do tempo.

Mas, se uma mutação traz vantagens evolutivas, logo ela é mantida presente nos indivíduos mais muito adaptados, fazendo com que seja passada de geração a geração.

O que Xia quer expressar é que a perda de rabo pode ter trazido vantagens evolutivas significativas aos hominídeos, o que explica sua permanência ao longo do tempo.

A vantagem pode não ter sido manter o estabilidade sobre as árvores, mas sim uma melhor locomoção sobre duas pernas ou a utilização das mãos para a manipulação de objetos.

Isso não quer expressar que a perda da desculpa tenha trazido exclusivamente coisas boas. Xia e sua equipe observaram que os camundongos do experimento exibiram má formações na poste vertebral muitos semelhantes aos defeitos no tubo neural que afetam um em cada milénio recém-nascidos humanos.

Essas má formações estão relacionadas com uma espinha dorsal bífica - partida em duas -, o que significa que a pilar vertebral do feto não se fecha completamente, o que traz danos aos nervos e uma provável paralisia.

"Logo eu não diria que as mutações são boas ou más. São um pouco que simplesmente ocorrem", afirma Xia.

"Creio que isto seja muito importante", diz. "Temos que exclusivamente mirar no genoma. E por isso espero que esta seja uma imposto duradoura."

Yanai indica que esse trabalho pode contribuir para a compreensão, por meio do genoma, de outros eventos que ocorreram no nosso pretérito biológico.

"Acredito que isso esteja nos ensinando a usar nossos programas de computadores de uma forma dissemelhante. Temos o genoma há anos. O que Bo encontrou poderia ter sido encontrado anos detrás", afirma. "Logo eu acredito que a comunidade científica se inspirará nesse trabalho."


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