Emergncia sem auxlio: o drama dos excludos do ‘coronavoucher’ – Gerais
gua, luz e alimentao. Ajudar no pagamento de despesas fundamentais um dos objetivos do auxlio emergencial de R$ 600 facultado pelo governo federalista no perodo de enfrentamento crise causada pela pandemia do novo coronavrus. Um pedestal que ficou fora do alcance de profissionais porquê motoristas de aplicativos, pescadores, diaristas e ambulantes de praia, depois do veto parcial do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei confirmado no Congresso que ampliava o escopo de beneficirios. Cidados que sofrem com contas acumuladas e com o temor de faltar comida em morada.
A empregada domstica Vanessa Cristina do Patrocnio, de 48 anos, tentou fazer o cadastro por trs vezes e a resposta desanimadora persiste: “dados inconclusivos”. Desempregada desde outubro do ano pretérito, ela conseguiu quitar as contas com o que resgatou do FGTS e o seguro-desemprego, que foi pago at maro. Logo que acabou o quantia, a pandemia prendeu todo mundo em moradia e ela no teve tempo de conseguir trabalho. “No faltou comida porque consegui ajuda, mas foi quase”, conta Vanessa, que mora com o fruto de 19 anos.
Com tristeza, a domstica traa seu quadro de dificuldades e expe a importncia do auxlio para quem no tem outra manadeira de renda. “Agora est difcil, a gente no arruma ocupação. A gente vai sobrevivendo de doao. Minha me me ajuda, meu irmo... A gente se vira porquê pode”, disse. Moradora de Betim, na Regio Metropolitana de Belo Horizonte, Vanessa j havia feito planos para o numerário. “No primeiro ms daria para fazer compras para a gente ter maná. No segundo, eu colocaria as contas em dia”.
Vanessa disse saber pessoas que, mesmo com carteira assinada, ganharam o benefcio. “Nem sei por que meus dados esto inconclusivos. No estou trabalhando, nem com ‘ponta’. Com meu fruto foi a mesma coisa. A gente fica chateada, mas j at perdi a esperana, pra ser sincera”, desabafa.
MOTORISTAS DE APLICATIVO
Os motoristas de aplicativo, tambm excludos da lista de beneficirios do auxlio emergencial, alm de no receberem os R$ 600, sofrem com a queda no nmero de corridas, provocada pelo isolamento social. Clara Dias da Silva, de 45, perdeu o tarefa no ramo farmacutico h um ano e meio. Sem muitas alternativas, ela viu nos aplicativos de corrida uma salvao para remunerar as contas. Alvio que hoje se tornou preocupao.
“Eu trabalhava com carruagem alugado e tive que entregar o veculo devido situao financeira que fiquei aps a pandemia”, disse Clara, que mora com os trs filhos. Ela tentou o auxlio emergencial e, depois de 25 dias, obteve resposta negativa. “Esse moeda me ajudaria a manter o sustento da minha lar. Agora minha expectativa que as pessoas se cuidem, que essa pandemia acabe e as coisas possam voltar gradativamente”, espera.
SEM RESPOSTA
CPF NEGADO
O desemprego foi o mesmo motivo que levou a Vnia Roberto, de 38, a se tornar motorista de aplicativo. “Fui demitida e optei por entrar na Uber para arrumar uma renda. Com o seguro-desemprego que peguei na poca, arrumei o coche”, conta. Assim porquê Vanessa, citada no incio desta reportagem, Vnia tambm no se conforma em saber pessoas com carteira assinada que conseguiram o auxlio do governo. “Fiz o pedido logo no incio. Tento fazer tudo, mas quando digito meu CPF, aparece que est refutado. Enquanto isso tem gente que trabalha fichado e teve recta ao auxlio”, reclama.
At a semana que terminou ontem, a mulher no estava trabalhando com aplicativo por susto de levar o vrus para os pais, que so do grupo de risco e moram com ela. Mas j havia determinado retomar a atividade, apesar dos riscos. “Estava contando que teria recta ao auxlio, e agora preciso voltar porque tenho que remunerar minhas contas. No vou poder ter contato com eles (os familiares) mais, vou diretamente pro meu quarto”, disse Vnia. “As contas no param de chegar. No d mais para segurar as dvidas. No sei pra onde decorrer.”
RENDA REDUZIDA
Igor Roble, de 22, motorista em Santa Luzia, na Grande BH. Porquê a cidade no est com todo o comrcio fechado, tem movimento, mas segundo ele, a opo de carros tambm aumentou. “Se fao 15 corridas por dia muito. Antes, a mdia era de 30 por dia. E tinha tambm o transporte para o aeroporto (de Confins) que ajudava”, conta o rapaz.
Primeiro, expectativa. Depois, frustrao e premência. Essa a situao vivida por pescadores artesanais, que se juntam a outros “excludos” do auxlio emergencial de R$ 600 pelo veto parcial do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que ampliava a lista de categorias com recta ajuda. Para os pescadores artesanais do Rio So Francisco, a penria dupla. Alm do impacto das perdas nas vendas em funo do isolamento social e da pandemia, sofrem com a reduo da quantidade de peixes na bacia, consequncia da devastao ambiental.
“Tivemos at que providenciar a doao de cestas bsicas para alguns pescadores, pois eles ficaram sem condies de comprar mantimentos”, conta o coordenador da Colnia de Pescadores de Januria – no Setentrião de Minas –, Cristiano Lima Rodrigues, ao indicar a premência de ajuda governamental. Segundo Cristiano, desde o incio do isolamento social, a Colnia de Pescadores de Januria j distribuiu em torno de 20 cestas bsicas. Os mantimentos foram adquiridos pela prpria associao. A entidade conta com murado de 2 milénio associados espalhados por sete municpios ao longo do Velho Chico, no Setentrião de Minas. Desse totalidade, 780 so do municpio de Januria.
O dirigente da Colnia de Pescadores de Januria salienta antes mesmo da pandemia do coronavrus, secção de integrantes da categoria j vinha enfrentando a falta de recursos para a prpria manuteno, por no conseguir receber o seguro defeso – pago pelo governo federalista aos pescadores artesanais cadastrados, no valor de um salrio mnimo por ms, durante a piracema, poca de reproduo dos peixes (de novembro a maro), quando a pesca suspensa. Segundo Cristiano Lima, houve um problema no novo sistema de processamento eletrnico do seguro por secção do Instituto Pátrio de Seguridade Social (INSS) e, com isso, em torno de 20% no conseguiram receber o valor at maro, quando comeou o isolamento social decorrente da COVID-19.
Na justificativa para barrar a ampliao do auxlio, o governo federalista alegou que o projeto de lei revalidado no Congresso feria o princpio da isonomia por privilegiar algumas profisses. Mas os pescadores artesanais no se conformam. “O mercado do peixe caiu muito, pois os consumidores ficaram sem quantia para comprar”, diz Lima.
APERTO
Casado e pai de quatro filhos, Geilton Gomes da Silva, de 34 anos, um dos pescadores artesanais do Rio So Francisco que ficaram sem o seguro defeso e ainda tiveram sua situao agravada pela crise do coronavrus. A situao apertou tanto que ele no conseguiu mais remunerar o aluguel de R$ 300 do barraco onde morava e se viu obrigado a ir para a mansão da me, onde 10 pessoas esto dividindo seis cmodos. “Est muito difcil porque as pessoas ficam com pavor do vrus e no saem mais de moradia para comprar o peixe. Alm disso, os peixes no rio diminuram muito. Tem dia que saio para pescar e volto sem zero”, lamenta o pescador de Januria.
Deyvison Barbosa Lima, de 26, pescador em Pirapora, em outro ponto do Setentrião de Minas, tambm lamenta a excluso. Ele conta que “perdeu o recta” de receber o seguro da pesca h qualquer tempo quando foi “fichado” no servio de instalao de placas em uma usina de vigor solar em Pirapora. Mas, h muro de dois anos, quando terminou a implantao da usina, ele ficou sem ofício. Voltou a pescar, mas ainda no conseguiu o cadastro para recebimento da ajuda durante o perodo da piracema. “Preciso dessa ajuda de R$ 600 para poder comprar leite para o meu fruto. O governo deveria liberar esse auxlio pra gente”, pede o pescador artesanal, acrescentando que vive com a companheira e um fruto de 3 anos.
“Saio para o rio (para pescar) s 3h e volto s 10h. Tem dia que d um peixinho. Mas, tem dia que no pego zero”, diz Deyvison, reclamando da reduo dos cardumes no Rio So Francisco, que se intensificou nos ltimos anos, principalmente, com a diminuio do surubi, a espcie de peixe mais conhecida do Velho Chico, usada no preparo da famosa muqueca. “Mesmo quando a gente pega alguma coisa, fica difcil para vender o peixe. A procura est muito baixa”, afirma o morador de Pirapora. Em procura da sobrevivncia, ele apela para “bicos” porquê servente de pedreiro, mas nem isso tem ajudado. “Esse servio tambm est muito difcil”, afirma. (LR)
SERVIO
Para saber as regras do Auxlio Emergencial, acesse www.caixa.gov.br/auxilio
O que o coronavrus?
Coronavrus so uma grande famlia de vrus que causam infeces respiratrias. O novo agente do coronavrus (COVID-19) foi desvelado em dezembro de 2019, na China. A doena pode originar infeces com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Porquê a COVID-19 transmitida?
Porquê se prevenir?
Quais os sintomas do coronavrus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gstricos
- Diarreia
Em casos graves, as vtimas apresentam:
- Pneumonia
- Sndrome respiratria aguda severa
- Insuficincia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avanam na identificao do comportamento do vrus.
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