Coreia do Norte deixa o mundo em pânico, mas teste de suposta explosivo de hidrogênio não muda muita coisa

Por Virginie Grzelczyk

A Coreia do Norte realizou seu sexto teste nuclear, e, com base no que sabemos até agora, nascente parece ter sido de longe o maior. A agência de notícias de Pyongyang, a KCNA, descreveu o teste porquê “sucesso perfeito” e disse que o dispositivo testado foi uma explosivo avançada de hidrogênio de dimensões suficientemente reduzidas para ser encaixada na ponta de um míssil de longo alcance.

Embora ainda seja cedo para confirmar se é verdade, ficou evidente que o dispositivo testado pela Coreia do Norte foi muito maior que os anteriores. Leituras sísmicas detectaram uma explosão através de um terremoto de 6,3 graus de magnitude, e o observatório sismológico norueguês NORSAR sugeriu que a potência explosiva do artefato pode ter sido enorme, de 120 quilotoneladas.

Após alguns meses extremamente tensos de discursos intransigentes, lançamentos de mísseis, exercícios militares e movimentações de tropas, parece que a Coreia do Norte chegou muito perto de realizar aquilo que sempre declarou ser seu objetivo: edificar um artefato viável de dissuasão termonuclear capaz de ser impelido por um míssil. Será que finalmente é hora de as pessoas correrem para seus abrigos antibombas?

Antes de responder, vale a pena examinar o que Pyongyang vem fazendo nos últimos tempos – e a razão por que o vem fazendo.

Os planos muito traçados

A Coreia do Norte testou de 20 mísseis em 2017 até agora (4 de setembro). Alguns foram de limitado alcance, alguns de médio alcance; muitos deles foram direcionados para desabar no Mar da China Oriental. Alguns lançamentos fracassaram, mas um dos mísseis sobrevoou o setentrião do Japão. Nenhum desses lançamentos ocorreu no vazio. Fizeram secção de uma interação complexa, quase coreografada entre os atores importantes do leste asiático, uma dança composta de movimentações militares, iniciativas políticas domésticas e aspirações internacionais.

Os problemas da península coreana sempre se resumiram às questões que ficaram sem solução na divisão da Coreia, o armistício pós-Guerra da Coreia e os milhares de tropas dos EUA estacionados permanentemente na região em nome da reconstrução e proteção do Japão e da Coreia do Sul. A presença militar americana é uma ameaça direta à segurança da escol no poder em Pyongyang e proporciona um pretexto para o governo de Kim alegar que precisa de uma força militar enorme e um instrumento de dissuasão nuclear.

A Coreia do Norte ficou mormente preocupada nos últimos 12 meses com a instalação pelos EUA do sistema THAAD (Defesa Terminal de Alta Altitude), fabricado pela Lockheed Martin, um sistema de intercepção de mísseis balísticos. S THAAD é visto porquê duvidoso também pela China e a Coreia do Sul, mas em março já estava instalado na península. Até então, a Coreia do Norte já havia testado um novo míssil Pukguksong-2, aparentemente assassinado o meio-irmão de Kim Jong Un, Kim Jong-nam, e, no dia 6 de março, lançado quatro mísseis balísticos de médio alcance no Mar da China Oriental.

Com o THAAD parcialmente instalado e operacional no início de maio, e com um novo presidente assumindo o poder na Coreia do Sul, nas semanas seguintes a Coreia do Norte disparou vários outros mísseis de outros alcances. Os EUA, enquanto isso, conduziram seus exercícios militares conjuntos de praxe, envolvendo resguardo antimísseis, com a Coreia do Sul e despacharam navios militares para águas próximas da península coreana.

Também porquê de hábito, a comunidade internacional condenou todos os lançamentos com a saraivada habitual de críticas: inaceitável, deplorável, inadmissível. Tudo isso culminou em 5 de agosto com a resolução 2.371 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que impõe sanções adicionais às exportações e importações setentrião-coreanas e a seus trabalhadores no exterior.

Está evidente que a resolução não impediu a Coreia do Norte de levar seus planos adiante. Mas, embora levante teste nuclear aparente ser um passo gigantesco em termos tecnológicos e políticos, é exclusivamente um passo pequeno.

“Business as usual”?

Enquanto a atenção mundial se voltava principalmente à retaliação diplomática – e mormente ao que Donald Trump faria quando fosse forçado a tomar uma decisão concreta em relação à Coreia do Norte –, várias fontes, incluindo o 38 North, já estavam informando que o lugar de testes Punggye-ri estava prestes para um novo teste nuclear e já estivera prestes desde abril. Esse traje não chegava a ser surpreendente por si só; uma explosivo maior e possível de ser transmitida em um míssil é exclusivamente o passo recente no programa nuclear e é alguma coisa que sempre fez secção da agenda.

Mas Pyongyang ainda não alcançou seu objetivo. Mesmo que já seja capaz (e isso é somente hipótese) de encaixar uma explosivo de hidrogênio sobre um míssil, ainda faltam ser resolvidos vários problemas técnicos difíceis, em peculiar porquê projetar mísseis de longo alcance capazes de reingressar na atmosfera sem se incendiarem.

Enquanto isso, tirando uma ação militar que seria altamente desaconselhável e imprevisível, a comunidade internacional parece ter poucas outras respostas possíveis a dar a Pyongyang senão sanções e retórica intransigente. Nenhuma das duas funcionou até agora, e é possível que ambas estejam começando a surtir efeito inverso ao desejado.

Quando Donald Trump ameaçou a Coreia do Norte com “incêndio e fúria” em retaliação pelos testes com mísseis de longo alcance, sugeri que era provável que seu exposição inflamatório somente impelisse Pyongyang a lançar ainda mísseis. Parece que isso vai continuar. Assim que recebeu a notícia do teste nuclear recente, Trump não exclusivamente sugeriu que a Coreia do Norte é um país vilão, uma declaração que não chegou a surpreender, mas que é motivo de constrangimento para a China.

Trata-se de um erro fundamental de percepção. Sim, o comércio com a China é vital para a economia setentrião-coreana, mas Pyongyang é responsável por seu próprio comportamento. Esta crise é energizada não pela suposta conivência da China, mas pela visão que a Coreia do Norte tem de sua própria segurança e proteção. E, porquê foi mencionado supra, essa visão de mundo vem da época do armistício coreano e seus problemas nunca resolvidos.

Está evidente hoje que a Coreia do Norte já desenvolveu tecnologia suficiente para se arrogar o título de “potência nuclear”, e se outros países consideram ou não que ela tem o recta de ser vista porquê tal não vem ao caso. Está também evidente que qualquer incursão militar contra o Norte muito provavelmente provocaria retaliação de um Estado hoje dotado de armas nucleares – ou seja, qualquer discussão de uma intervenção militar convencional é irrelevante, na prática.

Todas as partes envolvidas já têm plena consciência disso. Assim, o único caminho a seguir nesta crise é qualquer tipo de diálogo sobre porquê controlar o arsenal nuclear setentrião-coreano. Quando a segurança de milhões de pessoas está em jogo, dialogar com um adversário não constitui sinal de fraqueza.

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Fonte: HuffPost Brasil Athena2