Ver “Las Insoladas” é como passar um dia de sol em uma laje de Buenos Aires

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Estreou nesta semana no Brasil o filme argentino "Las Insoladas". A direção fica por conta de Gustavo Toretto, conhecido por Medianeras. Enquanto o cultuado filme mostra um inverno nas ruas da capital argentina no começo dos anos 2000, este é um forte dia de verão no topo de um prédio, no meio dos anos 1990.

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Entramos na vida de seis amigas por volta de 9h00 de um dia 30 de dezembro e temperatura com cerca de vinte e poucos graus. O excelente roteiro vai nos deixando levar pela vida das amigas Flor, Sol, Lala, Valeria, Karina e Vicky. O papo é trivial: rotina, alimentação, um pouco de churros, cromoterapia, comunismo, peculiaridades de seus trabalhos, etc.

Em certo momento, o espectador pode até pensar: mas eu sai de casa para ver seis mulheres conversando enquanto tomam sol? A certa altura do texto, elas começam a planejar uma grande viagem juntas. Sonhando com a possibilidade de nunca sair deste dia de sol, elas se imaginam ficar ao menos duas semanas em Cuba, onde podem ir a uma praia para tomar sol de verdade.

Chegamos ao ápice da insolação com de 40 graus por volta das 17h00. O que começa a ser desenhado como uma viagem de duas semanas se transforma em uma mudança de vida com destino ao paraíso. Elas fazem contas e percebem que podem ficar pelo menos um ano por lá. Seus sonhos e desejos profundos de liberdade, com novos desejos e desafios, longe do tédio e da rotina em que vivem.

Quem nunca se imaginou nesta situação? Quem nunca deixou a imaginação te levar bem longe com planos de morar em outra cidade, estado ou país, sozinho ou com os amigos, com a chance de pensar e experimentar algo diferente. Esta é a grande sacada e universalidade do roteiro. Em pelo menos metade do tempo não saímos do lugar, mas viajamos junto com as amigas. Qualquer semelhança com o Brasil ou qualquer outro lugar do mundo não é mera coincidência.

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Ahhhhhh, é preciso lembrar também do contexto histórico. Estamos na Argentina dos anos 90. As moças passam o dia com uma trilha sonora feita por uma fita-cassete. O país estava em tempos pré-crise econômica, vivia seu auge econômico, a sociedade passava pelo sonho da classe média, era muito chique passar o verão no Caribe ou em Florianópolis.

Em entrevista ao jornal Zero Hora, o diretor explicou: "Naquele tempo de deslumbramento, houve êxodos de argentinos para diversas praias, de Florianópolis ao Caribe. Escolhi Cuba para escancarar a inocência da classe média portenha à época: seu modelo era os Estados Unidos, mas seu sonho, um país comunista. Foi naqueles anos que o modelo de desenvolvimento seguido por Buenos Aires deixou de ser a Europa e passou a ser os EUA".

E não tinha celular! É estranho ver as amigas conversando, interagindo, olhando no olho o tempo todo, sem se preocupar com toques, barulhos, muitas intervenções tecnológicas. Quando toca um celular de apenas uma delas é um verdadeiro espanto.

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Como em todo filme, há variadas formas de ver e entender seu enredo. Você pode levar em consideração seu contexto histórico ou simplesmente esquecê-lo, em todas as situações, é como passar um dia de sol em uma laje. Se não houvessem os créditos no final você sairia da sala com a impressão de que não te avisaram que era para levar sunga e protetor solar.



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Fonte: Brasil Post