Santa Luzia MG está envergonhada

Cidade da região metropolitana da capital tem dívidas, obras paradas e prefeita em prisão domiciliar

Incerteza e suspeição são dois sentimentos que parecem prevalecer entre os moradores de Santa Luzia quando o ponto é a política. Os cerca de 219 mil habitantes do município, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte, viram, somente em 2017, três políticos diferentes assumirem o comando da cidade. Processos eleitorais e ações criminais foram protagonistas num cenário em que os anseios e as necessidades dos cidadãos acabaram sendo meros coadjuvantes. Em meio a essa confusão, moradores da cidade ouvidos  disseram sentir-se envergonhados com a situação. E, quando questionados se sabiam quem era o atual prefeito, somente um dos entrevistados soube responder. Dívida de R$ 118 milhões, licitações milionárias, contratos vencidos, fornecedores sem receber repasses há meses, salários dos servidores atrasados e obras inacabadas de dez Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) e de 23 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Esse é o relâmpago X do que o presidente da Câmara Municipal e hoje prefeito interino de Santa Luzia, Sandro Coelho (PSB), afirma ter encontrado ao assumir, em outubro do ano pretérito, a chefia do Executivo. [caption id="attachment_21135" align="alignnone" width="300" caption="Santa Luzia MG está envergonhada"]Santa Luzia MG está envergonhada[/caption] “Nós montamos uma equipe com pessoas técnicas para ajudar a alavancar a cidade. Montamos uma força-tarefa para explorar todos os contratos e tivemos o zelo de substituir algumas empresas que estavam prestando serviço. Temos cá mais de 200 contratos, e em três deles – administradoras da saúde, do lixo e da iluminação – nós conseguimos uma economia de cerca R$ 1 milhão por mês”, conta o prefeito interino. Antes disso, em junho, Sandro Coelho já havia ficado por 14 dias uma vez que prefeito da cidade. Isso porque a chapa que venceu as eleições de 2016, formada por Roseli Pimentel (PSB) e Fernando César (PRB), foi intuito de cinco ações no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Em todos os processos, a Justiça Eleitoral pediu a cassação dos mandatos dos políticos. Mas Roseli conseguiu, no primeiro semestre de 2017, uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para voltar ao função. No entanto, em setembro, a prefeita foi presa por suspeita de mandar matar um jornalista do município, que, conforme a Polícia Civil (PC), a estaria chantageando. Segundo a investigação, a quantia de R$ 20 mil para bancar o transgressão teria saído dos cofres da própria gestão municipal, por meio de uma nota fiscal de compra de mamão para merenda escolar. Após isso, o vice Fernando César ficou no comando da cidade até o dia 26 de outubro, quando o TRE-MG determinou a volta de Sandro Coelho. A reportagem perguntou aos moradores qual superfície precisa de mais atenção, e saúde foi a resposta mais recorrente. S prefeito interino afirmou que uma das ações para a superfície vai ser a inauguração, neste ano, da segunda Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Santa Luzia. Carreira Ascensão. Diretora de escola municipal, Roseli Pimentel foi eleita vice de Carlos Calixto em 2012. Ele morreu em janeiro de 2016, ela assumiu o Executivo e foi reeleita em outubro daquele ano.

Cidade terá nova eleição em março

Após uma eleição acirrada em 2016, os eleitores de Santa Luzia vão voltar às urnas neste ano para escolher os novos prefeito e vice-prefeito da cidade. S Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE–MG) marcou o pleito para 4 de março. S prefeito interino, Sandro Coelho (PSB), disse que, “naturalmente”, vai concorrer. “A gente tem mostrado serviço, e, a partir deste mês, a população vai ver outros serviços chegarem diretamente a ela. Eu acho que Santa Luzia precisa agora de sossego. Se tiver volta (da chapa eleita), a gente não acredita mais no Judiciário”, disse. Questionado se, enquanto vereador, que tem o obrigação de revistar, ele não suspeitou de irregularidades no Executivo, Coelho disse que a Câmara fiscaliza por meio de requerimentos e que somente ao virar prefeito teve entrada aos dados concretos. Sobre o trajo de ser do mesmo partido de Roseli Pimentel, ele afirmou que a relação entre eles é exclusivamente política.   Fonte: S Tempo