Marian Keyes para além de ‘Melancia’: depressão, monstro e alcoolismo

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Mabi de Barros

Quem lê os livros de Marian Keyes — best-sellers porquê SushiMelancia, que sozinho vendeu 500.000 exemplares no Brasil — sabe que ela não faz somente a risco mulherzinha. Apesar de graciosos, os livros dessa que foi a expoente do gênero chick-lit trazem temas pesados, porquê traição e instabilidade mental. S que muitos leitores não sabem é que Marian, à secção o jeito ligeiro e o humor preciso, é um poço de temas obscuros, que pautam, embora por meio de um belo filtro, os seus livros. “Dizem ‘escreva sobre o que você conhece’. Quando comecei a ortografar, eu tinha concluído de transpor de uma reparação por alcoolismo. Quanto à depressão, sofri dela desde minha puerícia”, diz a escritora. A irlandesa, que soma 30 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, aborda os temas complicados das diferentes formas — todas adocicadas, em privativo aquela que se vê em Salva pelos Bolos, livro que lançou em sua passagem pela Bienal do Livro de São Pulo. Reunião de receitas de cupcakes e outros doces que fez enquanto lutava contra uma depressão severa, o volume sai no país pela Bertrand Brasil, que lança também A Mulher que Roubou Minha Vida, seu último romance.

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Foi sobre os lançamentos, mas também sobre doença, monstro e violência doméstica que Marian Keyes falou a VEJA Meus Livros. aquém:

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Essa é sua segunda vez no Brasil, a primeira a trabalho. S que você fez cá na primeira visitante? Eu fui ao Carnaval do Rio de Janeiro. Fiz todos os passeios turísticos, me diverti muito! Fui também à Floresta Amazônica, Manaus. Eu amei e quero muito voltar. Dessa vez, vou ao Pantanal. Já planejo minha próxima visitante ao país: a costa do Nordeste. Eu senhor muito o Brasil, é muito diversificado e pleno de pessoas interessantes.

Você escreve muito sobre doenças comuns hoje em dia, porquê depressão e alcoolismo. Por quê? Dizem “Escreva sobre o que você conhece”. Quando comecei a ortografar, eu tinha feito de transpor da reparação por alcoolismo, era secção do meu “eu”. Quanto à depressão, eu sofri dela desde minha puerícia, entre idas e vindas. Essa doença é secção da experiência humana, mas não é muito comentada. No momento em que eu comecei a ortografar sobre ela, as pessoas responderam positivamente. Senti que quanto ocasião e honesta eu fosse sobre isso, as pessoas eram abertas e honestas comigo. Eu uso humor para abordar o tema, o que acredito que deixa as pessoas confortáveis para ler, porquê se não as fosse fazer se sentir mal com isso. Minha intenção é fazer as pessoas rirem, para depois refletirem. Acho que herdei isso da minha mãe. Ela também teve depressão, ao mesmo tempo em que era muito humorada. Ela é boa em expressar seus sentimentos com humor. Em minha opinião, rir é tão humano quanto chorar. S riso é um recurso disponível para tratar sobre vários temas, inclusive a depressão. Eu senhor rir e fazer o mesmo aos outros.

Como você descobriu a depressão? Foi muito repentino. Tudo começou a apressar, eu estava cada vez ansiosa e as coisas pareciam feias. Eu percebi muito rápido que estava num estado de mente perigoso, mesmo sem saber o que tinha ocorrido, eu ainda não sei. Fui a um hospital psiquiátrico, porque não conseguia dormir, consumir ou olhar as pessoas nos olhos, elas me assustavam. Foi muito intenso. Me deram milhões de antidepressivos, eu não sei se qualquer deles me ajudou. Foi assim pelos quatro anos e meio seguintes, não melhorava. No início de 2014, eu senti porquê se estivesse saindo do fundo do oceano. Foi fabuloso. Eu somente voltei a mim. Olho sempre para aquele tempo a término de desenredar o que aconteceu, porque não quero passar por aquilo nunca , mas não tenho respostas. Eu tinha em mente que o importante foi saber que eu tinha que permanecer viva, pois em qualquer momento as coisas iam permanecer muito. Então, eu tinha que permanecer viva e não ingerir. Esses eram meus dois desafios. Naquele tempo, eu fazia muitos bolos e tentava permanecer bastante com a minha família, mas eu tive que interromper todo o meu trabalho. Foi bastante difícil porque sou uma trabalhadora voraz. Agora, está tudo melhor, todos os dias eu convénio e digo “Urru, eu não estou triste!”.

Como você descobriu que cozinhar ajudava a remediar a depressão? G engraçado porque eu não era uma fã de cozinha. Nesta tempo, eu não conseguia me concentrar nem para ler revistas, no final de uma frase eu já havia esquecido o início. Um dia, minha amiga Helen foi me visitar e eu disse, “Vou te fazer um bolo”. Não sei por que eu disse isso, mas foi a porta para um novo porto seguro. Depois de assar o primeiro bolo, eu só queria fazer e . Distribuía bolos pela vizinhança, para minha família. As pessoas deviam pensar quando eu aparecia em suas portas: “Lá vem ela com bolos”. Eu também senhor as decorações, penso nos meus bolos porquê pinturas. Tem um pouco mágico nos bolos. S açúcar, a manteiga e todos aqueles ingredientes estranhos não lembram em zero um bolo, mas se transformam em um. Os únicos momentos em que eu ficava calma eram quando cozinhava. Me ajudou quando zero era capaz. Eu tentei de tudo para melhorar – meditar, consumir comidas azuis, tudo o que as pessoas me sugeriam para eu não me sentir do jeito em que me sentia. Sou muito agradecida pelo que os bolos fizeram por mim, mas hoje eu não cozinho , me lembra daquele período sombrio.

Naquele momento, cozinhar a fez sentir melhor do que grafar? Sim. Eu não conseguia formar frases na minha cabeça. Algumas pessoas dizem que jardinagem as ajuda a mourejar com a depressão, por manter o corpo trabalhando, enquanto a mente está quebrada. No meu caso, foi assar bolos.

Você se sente segura hoje ou a depressão sempre pode voltar? Eu acho que sempre pode voltar. Mas, apesar de me sentir tão muito agora, passei a tomar desvelo comigo mesma. Talvez eu estivesse trabalhando demais, não conseguia expressar “não” a nenhuma proposta. Depois de tudo o que passei, defini melhor os meus limites. Por exemplo, eu não fico acordada depois das 22h. Também costumava ir a jogos de futebol americano, mas hoje não vou , não consigo manter as multidões. São coisas que eu faço para me manter segura. Trabalhar me ajuda muito, grafar me faz muito, mas eu tenho um tratado comigo mesma: todos os dias eu vou trabalhar um pouco, mas não muito. Tenho que ter um tempo na semana para ver TV, ler e encontrar a minha família — que é enorme, somos em dezessete e eu os senhor, pois eles me fazem sentir segura.

Como seu marido lidou com seu problema? Meu marido foi incrível. Nenhum de nós sabia o que estava acontecendo. Eu me sinto muito culpada por tudo que o fiz passar. Mas, a partir disso tudo, nós aprendemos a ter vidas separadas. Antes fazíamos tudo juntos, trabalho ou lazer. Então eu descobri os bolos e ele, a escalar montanhas. Claro que ainda passamos muito tempo juntos, ele é o melhor varão do mundo e fez muito por mim. Nossa relação está melhor agora do que nunca. De volta a 2009, muito rápido nós percebemos que eu não conseguiria fazer nenhuma das turnês planejadas pelos Estados Unidos. Ele logo desmarcou todas, e eu sou muito agradecida por ele ter feito isso, porque acho que eu teria tentado seguir viagem e isso só faria pior para mim.

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Existe alguma experiência sua ou de alguém próximo que inspirou a trágica vida romântica de Claire Walsh? Engraçado, não. Dizem que todo primeiro livro é autobiográfico. No caso de Melancia, os traços biográficos estão na Família Walsh — muito parecida com a Família Keyes. Exceto que nós somos dois homens e três mulheres, não cinco mulheres.

Seus irmãos estão retratados no livro? Não, mas a robustez de uma grande família.

Sushi é sobre três mulheres infelizes com o curso de suas vidas. Você estava infeliz no momento em que escreveu o livro? Eu não estava infeliz quando escrevi Sushi, mas tinha muito viva a consciência de que o mundo é difícil para as mulheres. P difícil para as mulheres encontrarem um varão maduro o suficiente para se comprometer com elas. Eu escrevi Sushi pelo ponto de vista das minhas amigas, irmãs. Acho que a vida é difícil para as mulheres do que para os homens e eu queria grafar sobre porquê é ser mulher neste mundo. Temos liberdade em vários quesitos, mas outros vão ser sempre confusos, difíceis e dolorosos para nós.

Você é muito sensível a questões ligadas à violência contra a mulher. Você tem alguma relação pessoal com o tema? Já foi vítima? Não, felizmente eu nunca fui vítima. Mais uma vez, é tudo secção de porquê eu vejo ser mulher. Eu acho a violência doméstica uma tragédia, um transgressão. Se homens agridem um ao ou outro, é um delito. Mas, na Irlanda, se um varão agride sua esposa ou namorada, é uma “questão doméstica”. A polícia não interfere, é um matéria a ser tratado entre eles. Eu não sei exatamente o que me impulsionou a grafar sobre violência doméstica, mas eu queria esclarecer que homens bonitos, charmosos e queridos também podem ser agressores. Se fosse o contrário, mulheres batendo em homens seria uma abordagem completamente dissemelhante por secção da lei.

Você é em prol do monstro? Eu sou em prol da escolha. Na Irlanda, temos muita atividade em prol da legalização do monstro, proibido até em caso de estupro ou má-formação do feto. S monstro, em si, é um ponto que envolve muita dor, é uma escolha que ninguém quer fazer, mas que devemos encarregar às mulheres. Não é uma decisão que qualquer uma ficaria feliz de tomar. Mas a vida acontece, os métodos de contracepção falham, coisas dão falso e muitas vezes só não é provável trazer uma garoto ao mundo. Nesses casos, as mulheres são as únicas capazes de julgar o que acontece com seus corpos. Essa é minha posição. Se a pessoa não é em prol do monstro, ela não precisa fazer um.

Fonte: VEJA Meus Livros