Como as drogas psicodélicas passaram a caminhar próximas ao budismo nos EUA

Na cultura americana, as histórias do budismo e das drogas psicodélicas vêm seguindo trajetória curiosamente semelhante desde a dez de 1950 até hoje.

Mas isso talvez não surpreenda, considerando que eles têm uma meta em generalidade: a libertação da mente.

Muitos dos pensadores que na dez de 1960 se voltaram ao budismo e outras filosofias orientais – entre eles Alan Watts, Jack Kerouac, Aldous Huxley, Allen Ginsberg e Ram Dass – foram influenciados de alguma maneira por suas experiências com LSD e outras drogas psicodélicas.

S professor americano de budismo Jack Kornfield disse que o LSD “prepara a mente para o budismo”. Alan Watts descreveu o budismo e as substâncias psicodélicas porquê elementos que fazem secção de uma procura filosófica ampla.

Hoje, de 60 anos tarde, testemunhamos o ressurgimento do interesse popular pelo budismo, com a reflexão de mindfulness (que pede o uso maior da atenção e do foco) tendo deitado raízes no mainstream cultural, e também pelas substâncias psicodélicas, que estão sendo pesquisadas porquê agentes terapêuticos a ser utilizados no tratamento de problemas de saúde mental, incluindo a depressão, impaciência e as dependências.

lsd meditation

A intersecção dessas práticas impõe várias perguntas: as drogas psicodélicas seriam um empecilho à pratica do darma ou um seguimento útil? As substâncias psicoativas são um meio legítimo de entender a transformação pessoal?

“Nas comunidades espirituais, precisamos que esse tópico sensível e por vezes tabu seja explorado de modo honesto e franco”, escreveu Kornfield no ano pretérito em um post num blog.

“Devemos encarar o uso dessas drogas de modo consciente”

Vários pensadores respeitados das duas disciplinas trataram dessas questões e outras na coletânea de ensaios Zig Zag Zen: Buddhism and Psychedelics(relançada em maio).

Tive um encontro com Allan Badiner, responsável, ativista e editor de Zig Zag Zen, para aprender sobre o ponto de intersecção entre o budismo e as drogas psicodélicas e para deslindar por que as duas filosofias são relevantes que nunca nos tempos atuais. Veja o que ele teve a expressar.

Em uma palestra no Rubin Museum leste ano você disse que o próprio budismo é psicodélico em seus efeitos. S que quis manifestar com isso?

S budismo possui um paisagem que compartilha com as substâncias psicodélicas: atribui grande valia à primazia da mente e em ser/estar no momento presente.

“Psicodélico” se define porquê um pouco que transforma a mente ou leva a mente a se manifestar. Isso é um pouco que o budismo e as substâncias psicodélicas têm em generalidade.

De que modo o budismo é psicodélico? Essa teoria pode realmente parecer um contrassenso, já que, desde a perspectiva budista, as coisas muitas vezes são o oposto do que aparentam ser.

Alguma coisa pode parecer muito dissemelhante na veras aparente que na veras definitiva. Essa dicotomia é reconhecida no budismo, até patente ponto. Pensamos nossas vidas em termos de verdade relativa e verdade última. Não é fácil apreender as ideias budistas e compreender porquê a mente cria coisas, não somente reage a elas.

S reverência professor de budismo Jack Kornfield, que fala claramente sobre suas experiências psicodélicas, disse que o LSD preparou sua mente para a inquietação das coisas do budismo cuja compreensão é difícil.

Para muitas pessoas as substâncias psicodélicas são uma espécie de “droga de portal” que as conduz ao budismo. Como as pessoas descrevem essas experiências iniciais que as conduzem à prática do darma?

S que muitas pessoas dirão é que fizeram uma viagem psicodélica e chegaram a um lugar que era extremamente belo, privativo e tinha um caráter não dual; que o mundo inteiro fez sentido para elas e era integrado; que elas estavam integradas ao mundo, que tudo estava vivo. As pessoas descrevem esses sentimentos quase oceânicos de alegria e conexão.

Elas não querem ter uma prática que envolva uma obediência química, logo procuram maneiras de reencontrar essa sensação de maneira sustentável.

Ocorre uma espécie de transmigração para o budismo, um esforço das pessoas para conseguir as experiências maravilhosas que algumas vivem em sua jornada psicodélica.

Nem todos acham que isso seja boa teoria. Quais são alguns dos argumentos apresentados contra o uso de drogas psicodélicas numa prática do darma?

Os argumentos são de inúmeros tipos. Há quem insista que as drogas psicodélicas não têm lugar qualquer na prática do darma. Algumas pessoas insistem que elas são um portal legítimo para chegar ao budismo, enquanto outras consideram que o budismo e as drogas psicodélicas formam uma ótima dupla de práticas. As pessoas assumem posições em diversos pontos desse espectro.

Acho que muitas pessoas hoje se encontram na seguinte situação: já tiveram alguma experiência com substâncias psicodélicas e com uma vertente mística de uma religião ou prática místico – pode até ser ioga – e usaram substâncias psicodélicas ocasionalmente desde logo.

Assim, sua relação com as drogas psicodélicas continua enquanto elas exploram um caminho cotidiano sustentável de integração com muitas das coisas que surgiram em suas viagens psicodélicas. Acho que existe um caminho do meio cá.

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Por que, a seu ver, 2015 é um momento tão importante para o budismo e as drogas psicodélicas?

Acho que estamos diante de um novo duelo: voltar a pensar em porquê podemos usar ou não as drogas psicodélicas, porque enfrentamos desafios inusitados porquê espécie. Ecologicamente falando, estamos numa situação terrível.

Uma das razões prementes pelas quais precisamos despertar é para podermos sobreviver. A não ser que despertemos, no sentido individual e cultural, não poderemos efetuar o tipo de mudanças necessárias para nossa sobrevivência.

Acho que a maioria das pessoas concorda que o problema real é um problema de consciência. Precisamos mudar a consciência. Quando você olha em volta, percebe que não existem muitas estratégias capazes de promover uma transformação rápida da consciência, mas as substâncias psicodélicas são uma delas.

Por isso precisamos ter essa discussão. As substâncias psicodélicas fazem secção de nosso kit de ferramentas e precisamos encontrar a melhor maneira de utilizar essas ferramentas de uma maneira que seja segura e respeitosa.

”Não existem muitas estratégias capazes de promover uma transformação rápida da consciência, mas as substâncias psicodélicas são uma delas.”


Será que existe cá um risco de fomentar o materialismo místico? Ou seja, de nos apegarmos a experiências intensas, que promovem euforia mental, e usá-las para fortalecer o ego, em lugar de domá-lo?

Acho que esse risco existe, sim. S ego é tão profundo, tão capaz de invadir coisas, distorcer e cooptá-las. Por isso as precauções de praxe em relação à definição de suas intenções são importantes para sua própria realização e para ser um guerreiro que luta pelas transformações.

P útil levar todos esses fatores em conta, não exclusivamente seu próprio prazer.
Existem evidências antropológicas de que o impulso de modificar a consciência é um paisagem inato e universal da experiência humana. Mesmo assim, na nossa sociedade a modificação da consciência é cercada de grande sentimento de vergonha e culpa, mesmo que seja buscada em um contexto místico ou terapêutico.

Quando, a seu ver, passamos de enxergar os estados de consciência alterados porquê sagrados para enxergá-los porquê vergonhosos?

Em todas as tradições religiosas sempre houve uma iniciação esotérica, tipo secreta, que normalmente envolvia substâncias vegetais psicodélicas ou um pouco assim. Isso tem sido onipresente em todas as sociedades e em todo o planeta, realmente desde os primórdios da cultura humana.

Mas em determinados períodos da história foi feito um esforço concentrado para erradicar isso, por razões políticas. Por exemplo, a gestão Nixon declarou uma guerra muito privativo contra as drogas. Acho que Nixon percebia que quando as pessoas fumavam maconha, não gostavam dele [ri].

Isso criou um envolvente de repressão e susto, o que, por sua vez, favorecia os objetivos políticos deles. Mas existem muitos fatores que contribuíram para chegarmos ao extremo repressor real e a não enxergarmos valor qualquer nos estados alterados de consciência, mesmo quando empregados com intenções nobres.

Quais são alguns dos rumos instigantes que as pesquisas sobre substâncias psicodélicas podem seguir?

Esperemos que haja oportunidades para que as pessoas que precisam desses remédios possam obter o que precisam e para que isso seja controlado por profissionais qualificados, em ambientes seguros.

Não exclusivamente porque a Terra está indo para o inferno ecológico e precisamos transformar a consciência rapidamente, mas também para desapoquentar o sofrimento e possibilitar às pessoas obter ajuda realmente profunda e poderosa.

Existem alguns estudos interessantes até sobre o budismo e as substâncias psicodélicas, incluindo um estudo da Universidade Johns Hopkins sobre pessoas que meditam há anos.

S estudo ainda está em tempo inicial. Há estudos sobre o transtorno de estresse pós-traumático, estudos sobre a impaciência sobre o término da vida – há inúmeras áreas realmente interessantes em que se pode pesquisar de que modo as drogas psicodélicas podem ser medicinais e ajudar as pessoas, em oposição a ser danosas.

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Este cláusula foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.





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Fonte: Brasil Post