Coiote devolve moeda à família de brasiliano perdido nas Bahamas

A família de um dos brasileiros desaparecidos nas Bahamas desde o dia 6 de novembro recebeu de volta o moeda pago aos coiotes que articulavam a tentativa de travessia ilícito de imigrantes para os Estados Unidos. Segundo a mercante Marta Gonçalves, mãe de Diego Gonçalves Araújo, que está no grupo perdido, o coiote contratado pela família devolveu todo o numerário semana passada, antes ainda do ponto transpor na mídia.

— Para nós ele prometeu uma coisa muito dissemelhante, que a travessia era segura e tranquila. Mas, não foi isso o que aconteceu. Meu marido pressionou tanto que ele devolveu todo o quantia.

S fruto de Marta tem 20 anos e estava fazendo curso de técnico de enfermagem. Ela conta que o jovem sonhava em fazer “um pé de meia” nos Estados Unidos. Seguindo a indicação de amigos, a família contratou um coiote de Ji-Paraná (RO) para efetivar a travessia. Araújo embarcou de Porto Velho (RO) para Brasília no dia 14 de outubro. Depois de graduação no Panamá, o rapaz chegou às Bahamas no dia 15 de outubro. S último contato com a família foi no dia 5 de novembro.

— Ele disse que tava 'de boa, tudo formosura' e que atravessaria naquela noite.

A família já tinha pago todo o valor combinado, só faltava uma secção que foi parcelada correspondente a lanço final da travessia dos Estados Unidos. A família não quer revelar a quantia paga e devolvida. Marta disse à reportagem que o coiote reconheceu que a travessia não deu patente e que ele também não sabe o que aconteceu.

— S que ele fala é que nunca viu uma coisa dessa ocorrer, sumir tantos dias assim. Ele acredita que eles estão presos em outro país da região.

Ainda segundo relatos do coiote à família, o grupo de desaparecidos seria formado por 12 brasileiros (dez homens e duas mulheres), cinco pessoas da República Dominicana e dois tripulantes de Cuba (um barqueiro e seu facilitar). Para a família, o traficante disse que os dominicanos teriam entrado em contato com a família 12 dias depois da data da travessia e disseram que eles estavam presos num lugar sem força, esperando para serem liberados.

— Parece que eles estariam num abrigo que foi danificado pelo furacão, em um lugar difícil.

A informação de que o grupo estaria recluso em qualquer lugar, hipótese inclusive considerada por autoridades policiais setentrião-americanas, deu esperança para as famílias de que o grupo poderia efetivar a travessia ou ser encontrado. Mas, porquê já se passaram vários dias sem notícias, Marta decidiu ontem (30) ir à delegacia regional da Polícia Federal em Rondônia para registrar pela primeira vez boletim de ocorrência do desaparecimento de seu fruto. A PF disse que vai acionar a divulgação amarela, alerta internacional para procura de pessoas desaparecidas.

Marta também buscou ajuda da representação diplomática do Brasil nos Estados Unidos e nas Bahamas, dos quais recebeu a informação de que o governo segue nas buscas e ainda não tem novidades. A falta de informação tem trazido angústia aos parentes.

— Nossa rotina mudou muito. A gente só trabalha porque tem contas pra remunerar. Eu e meu marido estamos totalmente desanimados.

Falta de informação

Outro brasílico que não entrou em contato desde 5 de novembro é Márcio Pinheiro de Souza, de 26 anos, oriundo de Sardoá, Gerais. De combinação com o relato de parentes, Souza já tinha tentado entrar ilegalmente nos Estados Unidos pelo México. Na primeira tentativa, o rapaz foi recluso pela polícia setentrião-americana e passou cinco meses estagnado. Depois de 20 dias que já tinha voltado ao Brasil, ele entrou em contato com um grupo dissemelhante de coiotes e embarcou em novidade tentativa de ingresso ilícito nos Estados Unidos, dessa vez pelas Bahamas.

Itamaraty procura informações sobre brasileiros desaparecidos nas Bahamas

Souza embarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, no dia 27 de outubro para São Paulo, de onde saiu rumo às Bahamas. Chegando às Bahamas, o rapaz contou para a família que foi levado para uma lar, junto com outros brasileiros, onde ficaram até o dia 6 de novembro aguardando o embarque. Souza se encontraria com seu irmão Geraldo Souza, que já vive nos Estados Unidos.

— Está tudo do mesmo jeito, a gente não tem notícia nenhuma não.

No caso de Márcio Souza, a quantia combinada para a travessia só seria paga aos coiotes depois da chegada muito-sucedida ao território setentrião-americano, conta Geraldo Souza, que falou pela última vez com o irmão no dia 5 de novembro.

— Algumas pessoas estão pensando que a falta de pagamento antecipado pode ter oferecido problema. S pessoal estava perguntando para ele lá no abrigo se ele não iria remunerar a metade. Aí eu cheguei a falar que pagava a metade para ele, que era o que estava combinado. A outra metade ia remunerar lá no Brasil, para o coiote de lá.

Daí em diante, manteve contato com os coiotes contratados, mas eles alegam que também estão à espera de informação do paradeiro do grupo.

Mistério

Desde 6 de novembro, um grupo de 19 imigrantes (entre brasileiros, dominicanos e cubanos) é considerado perdido depois de tentativa de travessia ilícito das Bahamas para os Estados Unidos. S Itamaraty recebeu a primeira consulta dos parentes brasileiros no dia 15 de novembro. Desde logo, o governo brasiliano, em parceria com autoridades migratórias e marítimas dos Estados Unidos e das Bahamas, segue nas investigações do que pode ter ocorrido com os desaparecidos.

Um relato anônimo aponta que o grupo foi dividido em dois barcos e teria seguido por uma rota longa, escolha à previamente planejada, para driblar a vigilância marítima, que teria sido acionada por denúncia. Mas, até o momento, não há informação solene de registro de detenção de nenhum dos integrantes da lista do grupo perdido, nem vestígio do trajeto feito pela embarcação.

Imagens mostram mansão onde brasileiros desaparecidos ficaram nas Bahamas antes de ir para os EUA

Fonte: R7 - Gerais