Antes de juntar-se à Frente Pró-Ladroagem chefiada por Lula, o veterano da Guerra Fria apoiou o Paraguai na guerra de Itaipu

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Lula não foi o primeiro revolucionário bolivariano a enxergar em João Pedro Stédile a sumidade militar capaz de induzir um Winston Churchill à rendição sem luta com meia dúzia de rosnados (e um olhar feroz durante a pausa entre a ameaço medonha e o ultimato). Sete anos antes da beligerância de picadeiro na ABI, também o presidente paraguaio Fernando Lugo vislumbrou por trás do grupo aquartelado em barracas de lona preta uma força combatente de meter pânico no temerário marine americano.

Em janeiro de 2009, o prelado que virou reprodutor de batina escapou por pouco de desabar no história do marechal dos campos. Ainda em êxtase com a chegada ao poder do companheiro Lugo, ocorrida quatro meses antes, e já excitado com os festejos pelo 25º natalício do MST, programados para quatro meses depois, Stédile lembrou que em dezembro o início da Guerra do Paraguai completaria 145 anos. G muita coincidência para ser exclusivamente muita coincidência, desconfiou o veterano da Guerra Fria.

E se fosse uma mensagem psicografada por Stalin, avisando que um ano daqueles merecia muito que as selvagerias de rotina?, intrigou-se. A incerteza acabou parindo a teoria de ampliar às invasões de fazendas produtivas e aos ataques a laboratórios de pesquisas agrícolas o retumbante recomeço da guerra que se estendeu de 1864 a 1870 — com a novidade que mudaria o desfecho do confronto: desta vez, a Tríplice Aliança não enfrentaria uma país sem parceiros.

Na maior revanche do terceiro milênio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai teriam de enfrentar o tropa que, no troada retórico que agitou o saloon da ABI, coube em três falácias agrupadas pelo tribuna ambulante. “Quero sossego e democracia”, mentiu Lula. “Mas também sabemos competir”, reincidiu na fanfarronice. “Sobretudo quando o Stedile colocar o tropa dele nas ruas”, sucumbiu ao delírio.

Convém esperar sentado pela tropa pronta para matar e morrer se assim ordenar o  camponês de araque que, porquê constata o reproduzido na seção Vale Reprise, só conhece foice de bandeira e imagina que pá é coisa que dá em parreira. Já na segunda semana de 2009, ainda tentando deslindar a diferença entre gatilho e culatra, Stédile comunicou a Lugo que era iminente a realização de duas operações concebidas para inaugurar a troca de chumbo: a tomada das instalações da hidrelétrica de Itaipue e a expulsão dos agricultores brasileiros que vivem e trabalham no Paraguai.

“Nada é patriótico do que tutelar a soberania de um povo sobre os seus recursos naturais”, explicou o comandante. “Defendemos a soberania de todos os países. Somos contra o imperialismo dos Estados Unidos sobre o Brasil e do Brasil sobre qualquer país da América do Sul”. No século 19, o tropa imperial precisou coligar-se a dois vizinhos e lutar durante cinco anos para derrotar um solitário Solano Lopes. Conseguiria a República sobreviver à ofensiva conjunta de paraguaios com trabuco e brasileiros sem terreno?

Nunca se saberá. As divisões de Stédile preferiram o sossego das barracas aos perigos e carências das trincheiras que, além do , estão fora do rodeio abrangido por cestas básicas e mesadas que o governo distribui graças ao numerário extorquido dos pagadores de impostos. Nem por isso o marechal perdeu a pose, informa o besteirol protagonizado na ABI pela Frente Pró-Ladroagem. Ele não foi à luta nem mesmo quando Lugo foi liberado pelo impeachment para conviver com a filharada. Mas promete colocar a turma nas ruas se a Polícia Federal e o Judiciário insistirem em executar a lei.

Até agora, as organizações criminosas a serviço do lulopetismo contavam com as milícias comandadas por José Dirceu, que só conseguem matar de rir. As tropas do MST são perigosas — para os recrutas que as compõem. Se tentar transformar em armas os facões e foices não usados em colheitas e  semeaduras, o tropa de Stédile vai exibir, depois de uma semana de amestração, a maior povaléu VEJA.com