Abertura do monotrilho e recontratação de metroviários demitidos agitam o Metrô de SP

A quinta-feira (28) foi movimentada para o Metrô de São Paulo. Duas notícias movimentaram o transporte público da capital, a começar pelo anúncio da abertura do primeiro monotrilho da cidade, a Linha 15-Prata do Metrô. A obra, que atrasou diversas vezes, finalmente será aberta ao público às 10h deste sábado (30).

Trata-se do sexto ramal do sistema metroviário paulista, inaugurado em 1974 e que hoje conta com 75,5 km de comprimento e 65 paradas – ainda pequeno para o porte da capital paulista, uma das maiores cidades do mundo. Contudo, as duas estações entregues no fim de semana (Vila Prudente e Oratório) só funcionarão aos sábados e domingos e em horário restrito, das 10h às 15h.

Um evento-teste, fechado para a imprensa, foi feito com a imprensa em janeiro deste ano. Abaixo, um vídeo que dá uma breve noção de como é estar andando em um trem que circula a 15 metros de altura.



A operação durante as primeiras semanas não será convencional. Ou seja, os trens do monotrilho rodarão com intervalos grandes e só quando houver um número específico de passageiros interessados em conhecer o novo sistema. Por isso, pessoas interessadas em utilizar os 2,9 km desse primeiro trecho como meio de transporte para compromissos devem se preparar para viagens demoradas do que o normal.

Entre ambas as paradas, o percurso, em um elevado sobre a Avenida Professor Luís Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, na zona leste, será feito em um tempo médio de quatro minutos. Uma ciclovia construída embaixo da obra também será entregue no sábado. Quem quiser conhecer a Linha 15-Prata do Metrô não vai precisar pagar passagem enquanto a operação for assistida.

A previsão da Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos é que o trecho passe a funcionar normalmente em outubro. Nesse momento, haverá integração com a Linha 2-Verde do Metrô, na Estação Vila Prudente. Quando o ramal estiver completo terá 26,6 km de comprimento e 18 estações, até a Cidade Tiradentes, também na zona leste. A linha custará R$ 6,4 bilhões para ser construída. As obras ali se iniciaram em 2010.

Justiça determina readmissão de metroviários

O Metrô de São Paulo terá que readmitir dez dos 40 funcionários que dispensou após a greve que paralisou a maior parte do sistema no início de junho - uma das maiores da história da categoria. Antecipação de tutela (espécie de liminar) anunciada nesta quinta-feira, prevê que esse grupo de empregados volte a trabalhar até cinco dias após a notificação da empresa - o que deverá ocorrer no dia 1.º de setembro. Caso o Metrô descumpra as determinações, implicará à empresa “multa de R$ 500 por dia e por empregado, revertida em favor dos trabalhadores prejudicados”.

O caso dos demais demitidos ainda está sendo apreciado pela Justiça em outros quatro processos. A decisão é do juiz do Trabalho Thiago Melosi Sória, da 34.ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região (TRT-2). Os 40 dispensados pela empresa, que é controlada pelo governo do Estado, entraram conjuntamente com processos na Justiça para tentar regressar aos seus postos de trabalho. Todos alegam inocência dos supostos delitos imputados pela direção do Metrô.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, disse diversas vezes em entrevistas que não voltaria atrás da decisão de demitir os grevistas. O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, também foi enfático em suas declarações contra o reingresso dessas pessoas à empresa. “É uma conquista muito importante, mas faltam os outros 30. Mais uma vez fica demonstrado que aquilo de que a empresa nos acusou não era verídico. Foi uma decisão política. Queriam apenas intimidar a greve. Agora, a categoria sai fortalecida”, disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, ao jornal O Estado de S. Paulo.

A Companhia do Metropolitano alegou que os demitidos se envolveram em quebra-quebra na Estação Ana Rosa, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local para dispensar os manifestantes. A força policial fez uso de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Porém, o Sindicato dos Metroviários, à época das demissões, divulgou que o Metrô havia tomado uma "decisão política" ao demitir esses funcionários, a maioria deles ativos representantes da entidade, como diretores. A categoria informava que nunca haviam sido apresentadas provas concretas que indicassem a participação dessas pessoas, especificamente, nos atos de vandalismo.

Isso fica claro no processo judicial. O Metrô havia acusado três de seus funcionários de quebrar uma fechadura de porta na Estação Ana Rosa. Contudo, segundo a Justiça, testemunhas ouvidas sobre o assunto “não narraram o suposto arrombamento da fechadura da estação, a entrada forçada dos substituídos citados e nenhum ato de violência”. Ainda conforme o texto judicial, “até o momento não há prova de que esses trabalhadores efetivamente danificaram a fechadura da Estação Ana Rosa ou utilizaram métodos violentos (e não meramente de convencimento) para ingressarem no local e impedirem o trabalho dos demais”.

(Com Estadão Conteúdo) Fonte: Brasil Post